Ucrânia diz que “é impossível” negociar acordo de paz com Putin após mandado de captura internacional
O mandado de captura internacional, emitido na sexta-feira, para o presidente russo, Vladimir Putin, pela deportação de crianças ucranianas para a Rússia tornou impossível para Kiev aceitar o líder da Rússia como um potencial interlocutor para qualquer acordo de paz para acabar com a guerra.
A deportação de crianças para a Rússia foi considerado como um crime que se enquadra na definição legal de genocídio, inserido numa tentativa de acabar com a identidade cultural ucraniana, defendem dos advogados ucranianos e ocidentais.
O assessor do chefe do gabinete do presidente ucraniano e representante do grupo de negociações ucraniano em Istambul, Mykhailo Podolyak, identificou Putin como “um criminoso internacional óbvio significa diretamente que não haverá negociações com a atual elite russa”.
Perante a decisão do TPI, o secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Oleksiy Danilov, revelou ao Politico que seria difícil imaginar como é que as negociações de paz podem ser conduzidas com alguém sob um mandado de prisão internacional.
Ao ser questionado sobre a mesma questão, também o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, disse que estava claro, mesmo antes do mandado de detenção, que seria impossível Putin fazer parte da mesa de negociações ao argumentar que o presidente da Rússia deveria ter sido levado a julgamento por derrubar o avião malaio MH17 em 2014.
O Kremlin afirma estar aberto a negociações, mas deixa claro que só falará se a Ucrânia desistir de territórios ocupados ilegalmente pela Rússia. Já Kiev afirma que só começará as negociações quando as tropas russas saírem por completo do seu território.
“Sabíamos muito antes do mandado de prisão do TPI que falar com Putin não fazia sentido”, admitiu o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, ao acrescentar que “o Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia adotou uma resolução legal, a 30 de setembro do ano passado, declarando que quaisquer negociações com Vladimir Putin eram impossíveis em resposta à tentativa de anexação de territórios ucranianos adicionais pela Rússia”.
O presidente russo ordenou a invasão à Ucrânia no dia 24 de fevereiro de 2022, para “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho, ofensiva militar que levou a União Europeia (UE) a responder com vários pacotes de sanções internacionais. Para assinalar o aniversário da guerra, os aliados ocidentais da Ucrânia anunciaram o reforço do apoio militar a Kiev.
A invasão russa desencadeou uma guerra de larga escala que deixou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Não é conhecido o número de baixas civis e militares do conflito, contudo diversas fontes, entre as quais a Organização das Nações Unidas (ONU), admitiram que será elevado.