Turbulência na banca: Perto de 200 bancos americanos podem entrar em colapso, alertam investigadores

Depois dos recentes casos como o colapso do Silicon Valley Bank (SVB) ou do Signature Bank nos EUA, um novo estudo aponta que perto de 200 bancos norte-americanos podem enfrentar o mesmo risco, alastrando o cenário de crise na banca.

De acordo com uma análise realizada por investigadores das universidade da Califórnia, de Stanford e da Columbiam se metade dos norte-americanos que depositam dinheiro nos bancos retirassem abruptamente os seus fundos, 186 dessas instituições correriam o risco de falir como o SVB.

Caso não haja qualquer intervenção ou recapitalização por parte do governo, os investigadores acreditam que “os bancos estarão em risco de falir”.

Este cenário está em cima da mesa porque, apesar de o Governo liderado por Joe Biden proteger os depósitos até 250.000 dólares, estes bancos em risco têm uma proporção significativa de depositantes não segurados, o que eleva o risco de estes levantarem o seu dinheiro com receios de perdas.

“Quase 190 instituições podem estar em perigo com potencialmente 300 mil milhões de dólares [281 mil milhões de euros] em depósitos segurados em risco”, diz o resumo do estudo.

As autoridades norte-americanas anunciaram no passado dia 10 de março ter encerrado o Silicon Valley Bank, um banco fundamental no ecossistema das start-ups, muito ligado ao setor das tecnologias e repentinamente em dificuldades, tendo confiado o controlo dos depósitos à agência responsável pela sua garantia (FDIC).

E quem foi o culpado pelo colapso do SVB? Segundo o setor da tecnologia, há que apontar o dedo ao CEO, Greg Becker, por ter permitido que o banco entrasse na história como a segunda maior falência bancária já registada nos Estados Unidos.

Segundo um funcionário do SVB, que falou sob anonimato, mostrou-se perplexo com a forma como Becker reconheceu publicamente a extensão dos problemas financeiros do banco antes de conseguir o apoio financeiro necessário para enfrentar a tempestade, uma situação que preparou o terreno para pânico registado pelos clientes.

Deste lado do Atlântico, o ministro das Finanças, Fernando Medina, garantiu em Bruxelas que o sistema bancário europeu não é comparável aos dos EUA, sendo “mais robusto” e com “regras mais apertadas”, comentando a falência do SVB.

“O sistema bancário europeu está sujeito à supervisão do Banco Central Europeu (BCE), tem regras mais rígidas [do que as dos EUA], está muito mais robusto, a supervisão e a regulação tiveram uma mudança grande nestes anos pós crise financeira [de 2013]”, disse Medina.

O Presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, partilha da mesma opinião, e não acredita que este acontecimento tenha impacto na banca da Zona Euro.

“Temos uma estrutura regulatória e de resolução muito forte aqui na Europa… Mas é claro que qualquer desenvolvimento bancário como este levanta questões, e é claro que discutiremos isso hoje no Eurogrupo”, disse Donohoe à ‘Bloomberg’.

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