Baterias ‘arranhadas’? Há cada vez mais veículos elétricos com poucos quilómetros a serem enviados para abate pelas seguradoras

Em muitos veículos elétricos, não há como reparar ou avaliar baterias ligeiramente danificadas após acidentes, o que tem forçado as seguradoras a dar baixa de carros com poucos quilómetros – o que levou a prémios mais altos e reduzindo dessa forma os ganhos pela compra de um veículo elétrico. As baterias estão a acumular-se em ferros-velhos em alguns países.

“Estamos a comprar carros elétricos por razões de sustentabilidade”, apontou Matthew Avery, diretor de pesquisa da ‘Thatcham Research’. “Mas um EV não se torna muito sustentável se tiver de deitar fora a bateria após uma pequena colisão.”

As baterias representam até 50% do preço de um EV, o que torna muitas vezes pouco económico a sua substituição. As marcas automóveis estão atentas ao problema e a Ford e a General Motors já garantiram que tornaram as suas baterias mais fáceis de reparar – já a Tesla tomou uma direção oposta no seu Model Y, construído no Texas, cuja nova bateria estrutural foi descrita por especialistas como tendo “reparabilidade zero”.

Os veículos elétricos constituem apenas uma fração dos veículos na estrada, dificultando a obtenção de dados em todo o setor, mas a tendência de carros com emissão zero e baixa quilometragem a serem abatidos por danos menores estão a crescer. A decisão da Tesla em tornar as baterias estruturais – ou seja, parte da carroceria do veículo – permitiu cortar nos custos de produção mas potenciou o risco de empurrar esses custos para os consumidores e seguradoras.

Assim, ou as marcas automóveis produzem baterias mais facilmente reparáveis e forneçam acesso de terceiros aos dados das células da bateria, os já altos prémios de seguro vão continuar a aumentar conforme crescem as vendas de EV e houver mais carros com baixa quilometram a serem descartados após colisões.

“O número de casos vai aumentar, então o manuseamento das baterias é um ponto crucial”, referiu Christoph Lauterwasser, diretor administrativo do Allianz Center for Technology, em declarações à agência ‘Reuters’, sublinhando que a produção de baterias EV emite muito mais CO2 do que os modelos a combustão, o que significa que os EV têm de ser conduzidos por milhares de quilómetros antes de compensar essas emissões extras.

A maioria das marcas disse que suas baterias são reparáveis, embora poucas pareçam dispostas a partilhar o acesso aos dados da bateria – a Allianz viu baterias arranhadas, no qual as células internas não estariam danificadas mas, sem dados de diagnóstico, foi necessário dar baixa desses veículos.

Uma bateria de reposição para um Tesla Model 3 pode custar até 20 mil dólares (cerca de 18,83 mil euros), para um veículo que custa cerca de 43 mil dólares (cerca de 40 mil euros). Para Andy Keane, gerente de produtos de motores comerciais do Reino Unido na seguradora francesa AXA, o valor das baterias de reposição “às vezes podem tornar a substituição de uma bateria inviável”.

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