Da Alemanha aos EUA: o que se escreve lá fora sobre as eleições de Portugal?
Dentro de dois dias, Portugal decidirá quem irá ocupar as cadeiras da Assembleia da República e qual o nome do primeiro-ministro responsável por liderar o destino do País ao longo dos próximos quatro anos. Lá fora, as próximas eleições legislativas também estão a chamar a atenção da comunicação social.
A CNBC escreve que, apesar de Portugal ser descrito muitas vezes como um caso de sucesso na Zona Euro, uma nuvem paira sobre a evolução económica: após um crescimento de 2,8% em 2017, o dinamismo abrandou para 2,1% em 2018. Economistas citados pela publicação questionam a capacidade de a recuperação económica se manter com o início de um novo ciclo político.
A Bloomberg apresenta as mesmas preocupações, sublinhando como os cinco anos de recuperação serão colocados à prova pelas eleições de domingo, dia 6. A agência noticiosa considera que Portugal tem uma fragilidade escondida que António Costa poderá não ter preparado o País para uma possível recaída. Tendo em conta que o secretário-geral do PS pretende continua a reverter os impostos implementados durante o resgate financeiro, poderá haver pouco espaço para lidar com a dívida pública – caso seja reeleito, tal como as sondagens sugerem.
A Reuters, por seu turno, aponta três cenários possíveis para estas eleições. Por um lado, apesar de pouco provável, o PS poderá vencer com maioria absoluta, o que significaria que estaria livre para reforçar o controlo sobre os gastos e implementar novos incentivos para as empresas, investimento estrangeiro e sector imobiliário. Por outro lado, poderá ter de estabelecer uma aliança com o PAN – que já se mostrou disponível para formar Governo com o PS – ou, ainda, com o Bloco de Esquerda e CDU (a actual Geringonça). Existe ainda outra possibilidade: se António Costa não se quiser sujeitar a mais quatro anos ao lado dos partidos de esquerda, poderá pedir a aprovação do Parlamento para a formação de um Governo minoritário.
Passando para o The Guardian, o foco vai para o sucesso da liderança de António Costa e da Geringonça, contra todas as probabilidades e expectativas. “Apesar dos protestos e escândalos, Costa e os seus aliados mostraram que a Geringonça evoluiu de uma piada para uma máquina política resiliente e eficaz”, escreve o jornal.
O The New York Times também tem algo a dizer sobre as eleições legislativas de Portugal, indicando que o País parece a carta fora do baralho europeu: nada de populistas barulhentos ou grupos de extrema direita influentes. No sentido inverso, parece que será um partido amigo da emigração – o PS – a conquistar o voto dos eleitores.
No caso da Euronews, encontramos um artigo inteiramente dedicado ao PAN, o partido que quer menos impostos na ração para animais e que se opõe às touradas. A estação de televisão descreve a atenção que o PAN tem conquistado como um sinal da mudança dos tempos: já não se trata de um movimento de nicho, uma vez que os direitos dos animais e as alterações climáticas são preocupações cada vez mais abrangentes.
No Reino Unido, o jornal Daily Express faz uma comparação entre Portugal e Espanha: enquanto Espanha parece desmoronar, Portugal mantém-se firme. A publicação destaca ainda o facto de o PS ser o principal candidato à vitória e de os partidos mais à direita, como o PNR e o Chega, não estarem a conseguir a mesma atenção que os seus congéneres no resto da Europa – não deverão ter mais do que o 1% cada no total dos votos.
O alemão Spiegel, por sua vez, dá conta da história de sucesso do Socialismo em Portugal – seguindo o padrão verificado no geral da imprensa internacional. De acordo com este jornal, António Costa sobreviveu durante quatro anos no poder ao contrário do que seria de esperar, tendo conseguido promover o crescimento económico do País ao mesmo tempo que lidava com as consequências da austeridade. É também descrito como um político amigável, que olha nos olhos das pessoas e que parece estar sempre de bom humor.