Portugueses pagam 30 milhões por perdão de dívida a clínica Malo
O Estado português perdeu cerca de 30 milhões de euros com um acordo alcançado pela Malo Clinic com os seus credores. De uma dívida judicialmente reconhecida de 70,8 milhões, a rede de clínicas dentárias vai pagar apenas 27 milhões ao longo de dez anos.
Nos primeiros dois anos a Clínica não terá de liquidar qualquer montante a entidades como o Novo Banco (NB), o grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD) – por via do Banco Nacional Ultramarino (BNU) e Caixa Imobiliário – e a Segurança Social, avança JN.
O NB que já recebeu 5,2 mil milhões de euros do Estado desde a queda do BES, por via de empréstimos feitos ao Fundo de Resolução (FdR), é o maior credor, com 80% do valor dos créditos reconhecidos. O resultado do acordo, ao qual o JN teve acesso, é que a instituição bancária recuperará a prazo 34,5 milhões de euros, perdendo 21,5 milhões.
25% do capital do NB é detido pelo FdR e o Governo tem um administrador por si nomeado para este Fundo. O FdR tem acudido a vários bancos, nomeadamente ao NB, com ajuda de empréstimos feitos pelo Tesouro, isto é, pelos contribuintes. Por outro lado, a despesa com o FdR penaliza o défice e a dívida do Estado.
“O FdR não comenta, até por impedimento legal, situações concretas. Em termos gerais, o FdR procura sempre assegurar-se que as operações que lhe são submetidas pelo Novo Banco para apreciação maximizam o valor de recuperação dos activos, face às alternativas existentes”, refere, ao JN, fonte oficial do Fundo.
O grupo CGD, pertencente ao Estado, foi afectado por duas vias, avança o mesmo órgão de comunicação. O Banco Nacional Ultramarino (BNU) só deve recuperar 690 mil euros em dez anos, perdendo 6,2 milhões. Já a Caixa Imobiliário perde 182 mil euros de uma dívida de 202 mil euros. Por fim, o Instituto de Segurança Social perde 1,7 milhões de uma dívida de 1,9 milhões. Ao contrário do NB, que sofreu um corte de 38,5%, as empresas do grupo CGD e a própria Segurança Social foram classificadas como credores comuns, o que significa uma perda de 90% das dívidas reconhecidas pelo gestor judicial.
Fundada em 1995 pelo médico dentista Paulo Malo, a rede de clínicas pertence, desde Maio, ao Atena Equity Partners. Fonte oficial deste fundo de investimento referiu, ao JN, que “a decisão de aprovação do plano é vista pela Atena como natural, uma vez que a Malo Clinic é uma empresa de referência a nível mundial na medicina dentária”. Por outro lado, a Atena garante que não haverá mais cortes na atividade (fechou três clínicas). “A Malo Clinic vai beneficiar de um investimento de quatro milhões de euros”, garantiu.