Cerejas, queijos e marisco: novas taxas aduaneiras dos EUA afectam produtos portugueses
Administração Trump coloca tarifa alfandegária de 25% a uma centena de produtos europeus.
Cerejas, pêssegos, mexilhões, derivados de porco, queijo e iogurtes provenientes de Portugal. Vinho francês, queijo italiano e uísque escocês. “Sweaters”, “pullovers”, produtos de caxemira e vestuário de lã oriundos do Reino Unido. Estes produtos estão entre as centenas de itens europeus que serão alvo de tarifas de 25% à entrada nos Estados Unidos – e que deverão entrar em vigor já no dia 18 deste mês. A lista foi divulgada ontem.
Depois de a Organização Mundial do Comércio (OMC) ter dado luz verde aos Estados Unidos da América a aplicarem tarifas às importações oriundas da União Europeia até um valor máximo anual de cerca de 7,5 mil milhões de dólares (6,87 mil milhões de euros).
Em causa estão os subsídios atribuídos à construtora aeronáutica Airbus, que a OMC reconheceu como sendo ilegais e tendo, por isso, penalizado a rival norte-americana Boeing. A Comissão Europeia mostrou-se entretanto disponível para negociar com Washington mas alertou que, caso os EUA avançassem para a imposição de tarifas, iria responder na mesma moeda.
E agora os Estados Unidos avançaram mesmo para a imposição de tarifas alfandegárias. Ontem ao final do dia um representante comercial dos EUA tinha já avançado aos media que a Administração Trump pretendia impor uma nova tarifa de 10% sobre as aeronaves importadas da Europa e uma tarifa de 25% sobre outros produtos europeus, como queijo italiano e vinho francês, avança o Negócios.
Na página oficial da Representação Comercial dos EUA (USTR) é sublinhado que “as tarifas serão aplicadas a um leque de produtos importados dos Estados-membros da União Europeia, com o grosso das tarifas a ser imposto às importações de França, Alemanha, Espanha e Reino Unido – os quatro países responsáveis pelos subsídios ilegais” (à Airbus), avança o mesmo orgão de comunicação. O USTR frisa ainda que os Estados Unidos “têm autoridade para aumentarem as tarifas a qualquer momento, ou para alterarem os produtos atingidos”.
Amorim, Petróleos de Portugal, Bosch, Browning Viana, Continental, Hovione, IKEA Portugal, Navigator e Netsjets Transportes Aéreos são as maiores empresas nacionais exportadoras para os Estados Unidos da América. E, sendo assim, as que mais poderão sofrer com as tarifas aduaneiras. De notar ainda que entre os maiores investidores nacionais no mercado norte-americano estão a EDP Renováveis, a Hovione, o grupo Amorim, a Portucel e o grupo Pestana, também eles poderão ter que rever o investimento praticado naquele mercado.