Do Twitter à Uber: estas empresas valem muitos milhões mas nunca tiveram lucro
Desengane-se quem acredita que uma avaliação de milhões, ou mesmo de milhares de milhões, é sinónimo de resultados líquidos também eles milionários. Algumas das empresas mais valiosas do mundo nunca tiveram lucro, incluindo a Uber mas também a WeWork e até a Tesla de Elon Musk.
Segundo a edição brasileira da BBC, a lista inclui ainda o Spotify e, até ao ano passado, o Twitter. A rede social do passarinho azul apresentou recentemente a sua primeira sequência de quatro trimestres de lucro, mais de uma década depois de ficar online.
O facto de não serem lucrativas poderia implicar que não chegassem à bolsa, mas tal não parece coincidir com a realidade: 81% das 134 Ofertas Públicas Iniciais (IPOs) realizadas nos Estados Unidos da América, em 2018, dizia respeito a companhias que registaram prejuízo nos 12 meses anteriores à abertura de capital, de acordo com um estudo de Jay Ritter, professor da Universidade da Flórida. Olhando para as últimas décadas, só no início dos anos 2000 se verificou um valor semelhante – altura em que começaram a surgir as primeiras grandes empresas ligadas à internet.
Aswath Damodaran, professor da Univerdade de Nova Ioque, justifica o fenómeno com o potencial destas empresas. «Elas valem tanto porque as pessoas que investem nessas empresas acreditam que elas têm potencial para gerar muito dinheiro no futuro e, mais importante, porque elas acreditam que podem vender [a sua participação[ para outra pessoa por um preço ainda mais alto», explica. Estas companhias podem ser de diferentes sectores, mas, habitualmente, têm em comum o facto de serem inovadoras ou disruptivas (muitas vezes, tecnológicas).
Será assim para sempre?
Apesar de ainda serem muitas as empresas com avaliações de milhões a apresentarem prejuízos, o cenário já começa a mudar. Os investidores parecem mais cautelosos e racionais, não estando sempre dispostos a apostar num negócio que não apresenta resultados positivos (pelo menos, a nível de lucro). Paul Condra, da PitchBook, aponta o abrandamento da economia global e uma possível recessão nos Estados Unidos da América como principais motivos para esta cautela.
Citado pela BBC, o analista refere ainda as dúvidas que têm surgido relativamente ao futuro de unicórnios que foram ganhando visibilidade ao longo dos anos, como é o caso da Uber. Desde Maio, que as acções desta plataforma de mobilidade estão em queda, além de que continua a enfrentar problemas a nível regulatório em diferentes países.