70 Anos de Revolução Comunista na China: como um país pobre e rural se tornou uma potência mundial
Esta terça-feira é dia de celebração para o Partido Comunista Chinês, que assinala 70 anos da fundação da República Popular da China, mas com a economia a crescer ao ritmo mais lento dos últimos anos e com protestos pró-democracia a ensombrar as festividades.
Várias décadas depois, a dúvida persiste: como é que a pobre e isolada China chegou a potência mundial? O canal britânico “BBC” faz uma retrospectiva.
O fundador da República Popular, Mao Tsetsung chegou ao poder a 1 de Outubro de 1949, após uma guerra civil de quatro anos contra os nacionalistas de Kuomintang. O guerrilheiro viria a presidir a China até à data da sua morte em 1976, deixando um controverso legado a Deng Xiaoping.
O antes e depois de Xiaoping
O ponto de viragem para o país, essencialmente rural, chegaria no final dos anos 70, após uma década de violência. Sob a liderança de Xiaoping, a China adoptava a política de «Reforma e Abertura».
O líder chinês lançou as chamadas «quatro modernizações» – agricultura, indústria, ciência e tecnologia, e defesa – que viriam a tirar 70 milhões de pessoas da pobreza, segundo dados oficiais citados pela “BBC”.
O programa de Deng foi aprovado a 18 de Dezembro de 1978 pelo comité central do Partido Comunista da China. Nos anos seguintes, foram colocadas em prática mudanças que enfrentaram resistência por parte da ala mais conservadora do partido no poder. Com o desmantelar do sistema colectivo da produção agrícola, a produtividade do sector aumentava a níveis nunca antes vistos. Xiaoping incentivava o país a olhar para o exemplo ocidental e, pela primeira vez desde a fundação da República Popular, em 1949, a China abria-se também ao investimento estrangeiro e floresciam cadeias do sector privado.
Antes destas reformas chegarem às cidades, foram testadas em Zonas Económicas Especiais no sul do país, como Schenzhen, hoje conhecida como «a próxima Silicon Valley» e importante centro financeiro asiático.
A adesão da China à Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001 marca outro capítulo importante na história do país. A entrada na OMC abriu às portas à globalização e catalisou o seu progresso económico.
Citado pela “BBC”, o actual presidente chinês, Xi Jinping, chegou mesmo a considerar que Deng afastou o país do comunismo de Mao e «rompeu com as correntes» do passado.
No entanto, recorde-se, a economia chinesa cresce ao ritmo mais lento dos últimos anos. O crescimento do produto interno bruto chinês desacelerou de 14,2%, em 2017, para 6,6% em 2018. E, até 2030, os economistas estimam que o crescimento do país venha a ser reduzido a aproximadamente um terço da percentagem actual. Mas, mesmo num cenário pessimista, seria o suficiente para ultrapassar o seu rival estratégico, os Estados Unidos.
Na origem do conflito entre os dois países, recorde-se, está a política de Pequim para o sector tecnológico. A China quer transformar as firmas estatais nacionais em importantes actores globais em áreas de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos. Mas os Estados Unidos não cedem, por considerarem que o plano viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às organizações do seu país, protegendo-as da competição externa.