Nissan LEAF: uma semana nas mãos, comportamento acima das expectativas
Por Jorge Farromba
Nissan Leaf
Semana I
Muito falamos sobre carros elétricos e ao longo dos meus ensaios sempre os testei mais em utilização mista e menos na utilização diária. E, para isso, em conjunto com a Nissan, que me cedeu durante um mês um LEAF resolvi incluí-lo na minha vida.
E, assim foi!
Decidi levantar o LEAF no feriado de 8 de dezembro, carregado para mais de 300 km e sabia que nesta minha utilização raramente o iria levar muitas vezes para fora da área urbana de Lisboa.
Convém dizer que moro em Lisboa, numa zona que tem muitos postos de carregamento para elétricos, pelo que, tirando a chuva que apanhei na primeira semana, foi esse o único momento desagradável no carregamento. Também não me apercebo do custo pois o cartão do carro está a debitar na minha conta de eletricidade.
Assim, durante o fim de semana de 8 a 11, resolvo sair para ir fazer umas compras, duas viagens até à Parede e o elétrico, como qualquer outro veículo, faz o trajeto com a mesma eficácia que um veículo normal a combustão. Com a intensa chuva, detetámos sim que o imenso binário sempre disponível nos arranques faz com que derrape. Normal.
Diria que sou um tipo híbrido. Porque gosto dos automóveis a combustão e também destes. Talvez isto signifique que estou aberto à mudança! E, todos sabemos que a eletrificação passou a ser um desígnio mundial.
As diferenças que sinto face ao veículo a combustão vão para o silêncio a bordo, ausência de vibrações do motor e, nalguns casos, por ouvir mais o ruído exterior (pois o motor não está lá para o abafar).
Facilidade de condução é outro fator que noto. Os carros elétricos (e de combustão com caixa automática) são mesmo fáceis de conduzir. Esta vertente, quero acreditar, deve-se mesmo à usabilidade e não ao peso dos (meus) anos. Enfim!! Opto pela primeira opção!
Segunda-feira é dia de Padel e tenho de atravessar Lisboa e a caótica 2ª Circular para ir do aeroporto a Oeiras. Quase 30 km e 1h30m depois chego ao destino. Deve ser porque estamos em dezembro pois costumo demorar no máximo 50 minutos.
Mas Lisboa tem piorado imenso no trânsito desde a pandemia. Seja fluidez do trânsito, no número de acidentes e veículos em circulação. Uma explicação veio para que muitos adquiriram em pandemia uma viatura, dadas as restrições dos transportes, o receio de contrair Covid, o trabalho por turnos e novo modo híbrido de trabalho (com horários e dias desfasados).
Porque o trânsito é intenso e não quero gastar muita bateria optei pelo modo ECO e pelo e-pedal. Menos potência e mais regeneração vai ser ótimo pois demoro mais dias para o carregar.
Chove torrencialmente, é noite cerrada, e resolvo vir pela Marginal para apreciar a paisagem, pois gosto de chuva, de mar e de “ouvir o silêncio”. Nada como o aquecimento dentro do LEAF para quem vem de tshirt e calções! Confortável e seguro, previsível e com bom comportamento, mesmo com piso escorregadio.
Terça-feira, mais um dia de condução do Parque das Nações até ao aeroporto e, quase que nem deu para aquecer o carro (já agora a função Heat do Nissan é bem agradável pois em 2 minutos o carro fica quente no seu interior).
Final do dia e mais uma viagem à Parede para estar com um familiar. Trânsito caótico! Indiferente a hora de saída. A 2ª Circular é quase um parque de estacionamento!
Será do Natal? Mais de 1 hora depois e entre 2ª Circular e A5 fez-se o trajeto. Cansado, à noite, já optei pela A5. Viajem tranquila e rápida, com paragem no LIDL da A5 para compras. Já agora um dos grandes casos de sucesso do retalho. Sempre cheio, a qualquer hora do dia. Posicionamento da marca fantástico. Um caso de estudo! e o Leaf ainda nem acusa metade da carga…
Quarta-feira e mais um dia de chuva intensa e resolvo ir jogar Padel para Oeiras. Desta vez, parece que metade de Lisboa já se foi embora pois em 30 minutos estava no destino. Lá tive de estar ao telemóvel a ler noticias para passar o tempo.
O elétrico e este com e-padel acabam por tornar as nossas viagens muitas agradáveis, pois só nos basta acelerar e … às vezes travar (o e-pedal trava por nós e regenera). Não fosse a chuva e o dia até era mais interessante. Depois do Padel e do convívio social pós-padel (uma das partes mais agradáveis), hora de retornar, não sem antes olhar para a bateria. Finalmente a meio!
Quinta-feira dia tradicional para ir para a TAP e final do dia ir dar aulas. Nada a assinalar. Não noto diferença face ao motor a combustão. Somente não tenho emissões, as vibrações são nulas e noto ao entrar na garagem da faculdade que não produzo ruído. Em tudo o resto o comportamento é igual.
Mesmo à chuva, em momento algum sequer me ocorre que estou a andar com baterias ou com eletricidade.
Vários trajetos depois por Lisboa para fazer tempo e tenho o jantar da faculdade. Lisboa está deserta!
Final da noite convidam-me para ir a Almada e, pela primeira vez “saio” de Lisboa. Estranho!! Para ir para Oeiras e Parede nada disse. Mas para ir para a outra margem já saí de Lisboa. Será por passar a ponte ou será uma questão cultural?
Nada a assinalar na travessia da ponte. Quando chego a casa, e sob chuva intensa – um dia hei-de recordar-me da utilidade do chapéu de chuva –, coloco o carro a carregar. Faltam 123 km para o fim mas por precaução… atesto.
Sexta-feira, novo dia, viagem até à TAP e final da tarde mais uma viagem, de novo a Almada, já com a bateria totalmente carregada. Chego a casa e diz-me que tenho 345 km de autonomia.
Esta semana é atípica e tenho uma pós-graduação para dar em Santarém. Vamos de LEAF. De novo, o meu companheiro comportou-se como expectável. E sim gastei muito mais bateria pois não existem momentos de regeneração, a temperatura do ar influencia e a necessidade de cumprir horários fez-me perder muita autonomia. Mas fui e vim com bateria mais do que suficiente.
Primeira semana cumprida. Resultado final: acima das expectativas!