Da caderneta às transferências online: A evolução tecnológica

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A evolução do setor bancário e financeiro tem acompanhado as tendências tecnológicas do meio digital.

São os próprios eventos da história que evidenciam estas mudanças. Com o aparecimento dos primeiros ourives, que emprestavam uma quantia de ouro (sob a forma de cheque) em troca da cobrança de juros, até aos primeiros banqueiros e balcões físicos, aos quais se seguiram as máquinas de Multibanco que, hoje, cedem popularidade ao HomeBanking.

A verdade é que os processos financeiros e bancários têm vindo a evoluir com as necessidades da população e o perfil da procura. Hoje, os porta-moedas pesados deram lugar aos práticos e leves cartões de crédito. Se, na idade média, os ourives eram procurados para salvaguardarem objectos de ouro e prata, hoje, confiamos nas instituições financeiras para guardarem os nossos depósitos, da maneira mais segura, prática e acessível.

O impacto do digital

Só em Portugal, verificam-se aumentos anuais na taxa de utilização da Internet. Em 2018, 70,9% dos portugueses navegaram online, com dados a apontar para um maior recurso ao telemóvel do que ao computador para o efeito.

Naturalmente, o sector bancário está atento a este comportamento. Apesar de os princípios de actuação se terem mantido relativamente estáveis, o sector tem vindo a desenvolver e a expandir a oferta direccionada para a Internet e para as aplicações móveis.

Os tópicos que se seguem são exemplos de como a inovação tecnológica e digital vem sendo colocada em prática no dia-a-dia da população em geral.

Neste artigo, apresentamos alguns produtos e serviços financeiros mais antigos, “no passado”, que estão a ser substituídos por outros, “dias de hoje”, por sua vez mais conectados com o online e evidenciando melhores níveis de practicidade e segurança.

Produtos Financeiros: No Passado

Caderneta bancária

Com as restrições impostas à sua utilização, em vigor desde o passado dia 14 de Setembro, deixou de ser possível a realização das seguintes operações bancárias com recurso à caderneta: levantamento de dinheiro e realização de pagamentos e transferências.

Ainda é possível utilizar a caderneta nas máquinas das áreas automáticas, para consultar os movimentos e o saldo bancário. Contudo, segundo a nova Directiva Europeia de Serviços de Pagamento, este produto carece de níveis de autenticação adequados para que outras operações possam ser permitidas.

Considerando que o foco dos bancos é a optimização dos processos por via do digital, assiste-se a uma tendência de redução do uso das cadernetas físicas. Apenas três bancos ainda as comercializam, sendo que já existiam medidas de incentivo ao cartão de débito em vez de cadernetas.

Cheques

Em Portugal, o cheque já é o meio de pagamento menos utilizado: segundo dados de 2017, apenas 1% dos portugueses optou por este instrumento.

Se, por um lado, em 2019 apenas 18,2% das transacções nacionais se processaram com recurso ao cheque, por outro, a aproximação da população e dos bancos ao meio digital é um facto. Naturalmente, constata-se uma decrescente popularidade deste meio de pagamento.

O nível de segurança também é motivo para debate: segundo o Banco de Portugal, em 2018 foram passados 174 milhões de euros em cheques sem cobertura.

Transferências no balcão

O método tradicional de realização de pagamentos e transferências no balcão físico tem inúmeras limitações e está associado a mais custos, tanto para o banco como para o cliente.

Primeiramente, a possibilidade de recorrer a um balcão para efectuar uma transferência está limitada ao horário de abertura já que, habitualmente, estas encerram pelas 15h. Em segundo lugar, o processo poderá se moroso, obrigando a investir tempo e energia na deslocação ou em eventuais filas de espera.

As transferências ao balcão estão também associadas a uma maior taxa de comissionamento. Este valor tem por base o facto de o banco ter um maior custo com a realização das operações ao balcão. Afinal, ao realizar uma transferência fisicamente, estará a recorrer aos recursos da instituição: o profissional que nos atende, o computador e os dispositivos que este usa, a electricidade e a rede, entre outros.

Produtos Financeiros: Dias de Hoje

Cartões de Crédito

Uma das maiores vantagens do cartão de crédito é a sua conveniência e flexibilidade. Perante uma eventual situação de necessidade de pagamento, na qual se vê sem a certeza de ter dinheiro suficiente em débito, pode recorrer ao cartão de crédito. Apenas pagará o montante numa futura data acordada com a sua instituição financeira.

De igual modo, se necessitar de levantar dinheiro adiantadamente, o cartão de crédito permite recorrer ao cash advance. Apesar de esta operação estar associada ao pagamento de juros, pode ser útil em situações de emergência.

O cartão de crédito é considerado um dos meios de pagamento mais seguros, em particular para o uso online. Associa-se a um menor risco de roubo e de perda, derivado do sistema de protceção que o caracteriza, e reforçado por algumas instituições. Por exemplo, por via de um sistema de alerta de utilização, como o caso dos cartões de crédito Unibanco, se for usado por alguém, receberá uma notificação via SMS e e-mail, com informações sobre a transacção.

Cartão Contactless

O cartão contactless associa as conhecidas vantagens do cartão comum com a inovação tecnológica, agilizando e simplificando o processo de pagamento.

Para usar o cartão contactless, basta aproximá-lo do terminal de pagamento automático, no momento da compra, sem que exista necessidade de inserção de um PIN. Por si só, a inexistência deste passo confere um acréscimo de segurança. Consequentemente, esta inovação reduz a probabilidade de fraude. Enquanto realiza uma transacção, não corre o risco de alguém ficar a saber o código do seu cartão e este não necessita de sair da sua mão.

Também por motivo de segurança, as transacções com cartão contactless estão limitadas a um valor máximo, definido pela entidade emissora do cartão.

HomeBanking

Uma das mais populares novidades do sector financeiro, resultante do impacto digital, é o HomeBanking.

Com mais de metade dos portugueses a utilizar este recurso, os serviços de online banking oferecem condições de comodidade e de acessibilidade significativamente superiores aos métodos tradicionais de consulta e de gestão financeira.

Por via do acesso online, pode consultar o extracto e realizar diversas operações, sem que se verifiquem restrições no horário de atendimento ou de acesso, já que o pode fazer a partir de qualquer local e a qualquer hora.

O acesso ao HomeBanking reveste-se, também, de vários níveis de segurança: encriptação de dados da página da instituição financeira, pedido de autenticação para aceder à área pessoal ou para realizar operações, entre outros.

O serviço de HomeBanking de algumas instituições financeiras integra, ainda, mais funcionalidades como é o caso da gestão de cartões MBNet e da definição de alertas de segurança por meio do envio de SMS e de e-mail.

MBNet

Por último, mas certamente não menos importante, o MBNet constitui outra solução financeira resultante da transformação tecnológica digital. O serviço MBNet permite a criação de cartões virtuais que estão associados ao seu cartão de débito ou de crédito.

Ao gerar um cartão virtual MBNet, deve definir o valor do mesmo, correspondente ao montante da compra online em causa. Depois, basta utilizar o código do mesmo para concretizar a transacção. Como não envolve o recurso ao cartão bancário real, o MBNet reforça a segurança das transacções na Internet.

Pode accionar o serviço MBNet em dispositivos móveis, através da aplicação MB Way, ou no computador, no site do MBNet. Para maior comodidade e practicidade, alguns bancos e instituições financeiras, como o Unibanco, permitem que adira à solução directamente no seu serviço de HomeBanking.

No século XX, o investimento em tecnologia por parte da banca era muito reduzido: a sua actuação estava, em grande parte, dependente dos recursos manuais. A partir do século XXI, verificou-se o aumento da aposta em novas tecnologias e o resultado foi a crescente automatização dos processos.

O sector bancário tem recorrido às inovações tecnológicas para evoluir em vários aspectos, desde a forma como comunica até à partilha e processamento de dados. A crescente integração da tecnologia na oferta das instituições financeiras, evidencia níveis superiores de optimização, de segurança e de agilidade nos serviços prestados.

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