Imobiliário. Maioria dos jovens portugueses são financeiramente dependentes
Quase 40% dos jovens portugueses, entre os 18 e os 34 anos, ainda vivem debaixo do tecto dos pais. E mais de metade (55,7%) são financeiramente dependentes. As conclusões são de um estudo da Century 21, apresentado esta manhã na 5.ª edição do “Observatório: O Imobiliário em Portugal”, em Lisboa.
A análise, realizada com o objectivo de perceber quais os desafios dos jovens no acesso à habitação, também permitiu perceber que oito em cada 10 jovens (78,1%) não vivem onde gostariam. Mais: dois em cada 10 jovens, entre os 30 e os 34 anos, ainda vivem com os pais.
A falta de recursos económicos é a principal razão. Mesmo os 25,9% dos que já estão a trabalhar não atingem os rendimentos necessários para a casa pretendida. Pouco mais de 62% dos inquiridos ganham menos de mil euros mensais, enquanto 17,2% têm ganhos inferiores a 500 euros e quase 20% não tem quaisquer rendimentos. Apenas 12,2% ganham entre os mil e 1500 euros, por mês.
A quantidade de jovens que, apesar de viverem fora da casa dos pais, continuam a depender de apoio financeiro surpreendeu a Century 21. Existem 37,2% de jovens emancipados que ainda contam com a ajuda da família ou parceiro. Apenas 36,4% consegue assumir a totalidade dos gastos com a habitação onde vivem, cerca de um terço partilha despesas com o companheiro e em 21% dos casos os custos da casa são integralmente suportados pelos pais.
Lisboa é a região onde os jovens indicam ter um custo maior com as despesas das casas, algumas a atingir os 425 euros mensais, seguida do Porto, onde implicam um custo médio de 363 euros. No Algarve, este valor cai para os 341 euros e no resto do país a média não vai além dos 309 euros.
No futuro, a esmagadora maioria (87,9%) ambiciona ter casa própria. «Afinal, esta geração é mais conservadora do que pensávamos» e, «contrariando uma ideia pré-concebida que nos têm vindo a vender, os jovens portugueses querem viver no bairro onde já vivem», afirma Ricardo Sousa, CEO da Century 21.
A habitação ideal teria cerca de 82 metros quadrados, dois quartos e duas casas-de-banho. Apenas 12,1% dos jovens se vêem a habitar numa casa arrendada. Isto não quer, contudo, dizer que não exista uma necessidade de um mercado de arrendamento. «O que os jovens procuram numa primeira etapa é uma solução temporária e flexível», explica.
A preferência pelo arrendamento é maior nos mais jovens e atinge os 48,1% nos que têm entre os 18 e 24 anos. Desce para 25,1% a partir da casa dos 30 anos. Ainda assim, 4,4% admitem ainda dificuldades em arrendar
Para Ricardo Sousa, torna-se também evidente a elevada consciência de desenvolvimento sustentável que esta geração adquiriu. Mais de um terço (43%) atribuem grande importância à sustentabilidade ambiental, à proximidade da habitação ao local de trabalho e aos transportes públicos.