Preços não param de subir desde fevereiro: valor do cabaz de bens alimentares já aumentou mais de 30 euros

Desde o início do conflito na Ucrânia que o preço dos alimentos tem registado uma subida constante e esta semana não foi exceção. A análide da DECO Proteste ao cabaz de bens alimentares essenciais registou um aumento ligeiro de 1,81% (mais 3,8 euros) na última semana, passando agora a custar um total de 214,39 euros. Ou seja, desde 23 de fevereiro, véspera do início do conflito, o cabaz está mais caro 30,67 euros (mais 16,71%).

“Os aumentos têm-se feito sentir em todas as categorias alimentares, e são, sobretudo, a carne e o peixe os que mais têm visto os seus preços subir”, apontou a associação de consumidores.

Segundo o organismo, “entre 23 de fevereiro e 5 de outubro, o peixe já registou um aumento de 20,55% (mais 12,39 euros). Fazendo as contas a apenas um quilo de salmão, de pescada, de carapau, de peixe-espada-preto, de robalo, de dourada, de perca e de bacalhau, o consumidor pode ter de gastar, em média, 72,71 euros. A carne, por sua vez, aumentou 20,11% (mais 6,49 euros). Para comprar um quilo de lombo de porco, de frango, de febras de porco, de costeletas do lombo de porco, de bifes de peru, de carne de novilho para cozer e de perna de peru, o gasto pode agora ser, em média, de 38,73 euros”.

Entre os dias 23 de setembro e 19 de outubro, os dez produtos com maiores subidas de preço foram a pescada fresca (mais 78%), os brócolos (mais 48%), a couve-coração (mais 41%), o açúcar branco (mais 41%), o leite meio gordo (mais 34%), a laranja (mais 34%), a polpa de tomate (mais 34%), o frango inteiro (mais 31%), o bife de peru (mais 31%) e a farinha para bolos (mais 29 por cento).

Já entre os entre os dias 12 e 19 de outubro, os dez produtos com maiores subidas de preço foram o iogurte líquido de morango (mais 20%), o açúcar branco (mais 17%), os cereais (mais 17%), o alho seco (mais 13%), a massa espirais (mais 12%), os douradinhos de peixe (mais 9%), o esparguete (mais 9%), o salmão (mais 8%), a dourada (mais 8%) e as ervilhas ultracongeladas (mais 7 por cento).

A associação de defesa do consumidor tem monitorizado todas as semanas os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais que inclui bens como peru, frango, pescada, carapau, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, fiambre, leite, queijo e manteiga.

A associação explica que este aumento se deve ao facto de Portugal estar “altamente dependente dos mercados externos para garantir o abastecimento dos cereais necessários ao consumo interno”, que “representam atualmente apenas 3,5% da produção agrícola nacional: sobretudo milho (56%), trigo (19%) e arroz (16%).

“E se no início da década de 90 a autossuficiência em cereais rondava os 50%, atualmente, o valor não ultrapassa os 19,4%, uma das percentagens mais baixas do mundo e que obriga o País a importar cerca de 80% dos cereais que consome”, acrescenta a Deco.

O organismo esclarece que “a invasão da Rússia à Ucrânia, de onde provém grande parte dos cereais consumidos na União Europeia, e em Portugal, veio, por isso, pressionar ainda mais um setor há meses a braços com as consequências de uma pandemia e de uma seca com forte impacto na produção e na criação de stocks”.

“A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente da energia, necessária à produção agroalimentar, podem, por isso, estar a refletir-se num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor”, sublinha.

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