“Guerra não é só contra a Ucrânia, está a ter consequências gravíssimas” para todo o mundo, alerta Costa
O Primeiro-ministro afirmou esta terça-feira que a guerra da Rússia contra a Ucrânia “é uma violação claríssima do Direito Internacional”, instando a que Moscovo cesse as hostilidades e que permita ao país vizinho recuperar a paz.
“Não podemos ignorar as consequências dramáticas globais que esta guerra está a ter”, salientou António Costa, destacando a intervenção do presidente da União Africana, Macky Sall, designadamente no que toca à falta de cereais e “sobretudo de fertilizantes”, algo que “pode colocar em causa a culturas do próximo ano” nos países de África.
O Primeiro-ministro sublinhou que o mundo está ciente de que “esta guerra não é uma guerra só contra a Ucrânia, é uma guerra que está a ter consequências gravíssimas em termos internacionais”.
Quanto à participação do ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, numa reunião extraordinária do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Costa frisou que “tudo o que são pontos de diálogo são positivos”.
“Esta guerra tem que terminar, com o restabelecimento do direito internacional, e há um esforço grande que a diplomacia pode desenvolver”, afirmou, destacando a importância do apoio bilateral dos governos à Ucrânia e do multilateralismo encabeçado pela ONU, em parceira com a Turquia, no campo da retoma das exportações dos cereais ucranianos.
Mas Costa lembrou que “ainda há um longo caminho que todos temos que percorrer até atingir a paz” e apontou que “a vinda do ministro Lavrov pode ser um bom sinal, ou pode não ser”.
“Esperemos que seja”, admitiu, acrescentando que espera que “possa ser um passo em direção àquilo que é fundamental”, ou seja, a paz na Ucrânia. Costa reiterou que Portugal “tem tido uma posição inequívoca desde o dia 24 de fevereiro, de condenação absoluta desta guerra” e de “apoio incondicional à Ucrânia”.
O Primeiro-ministro não afasta possíveis contactos do ministro dos Negócios Estrangeiro português, João Gomes Cravinho, com o homólogo russo durante a sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que arrancou hoje em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
“Mantemos sempre as portas abertas ao diálogo com a Rússia” e “achamos fundamental que esse diálogo exista”, garantiu Costa.
O líder do Governo adiantou que Portugal avançará com uma candidatura a membro não-permanente do Conselho de Segurança para 2026 e que têm vindo a ser desenvolvidos “os esforços necessários para que essa candidatura seja bem-sucedida”, apontando que o país tem uma política externa “consistente” e que é “uma ponte” entre culturas.
Esta quinta-feira, António Costa discursará perante a Assembleia Geral, optando por não detalhar os assuntos que abordará.