Novo ministro da Saúde: “Escolha do Primeiro-ministro é sensata”, diz bastonário da Ordem dos Médicos. Mas deixa avisos

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, considera que “a escolha do Primeiro-ministro é sensata”, de avançar Manuel Pizarro para titular da pasta da Saúde.

“É um conhecedor do nosso sistema de saúde, do Serviço Nacional de Saúde, do setor privado e do setor social”, explica o responsável em declarações à ‘RTP 3’, acrescentando que “conhece também os sistemas de saúde a nível da União Europeia, pelos cargos que tem desempenhado no Parlamento Europeu”.

Assim, Miguel Guimarães argumenta que “tecnicamente, é uma pessoa que conhece os problemas, que sabe quais são as potenciais soluções para alguns dos principais problemas que existem neste momento no setor público e para o que pode ser a coordenação relativamente a um conjunto de matérias alargado”, como a falta de recursos humanos no SNS e “o novo modelo de gestão que o SNS precisa com urgência”.

O bastonário afirma ainda que Pizarro “é uma pessoa com peso político”, tendo já passado por vátios cargos, “e isso é importante no Conselho de Ministros, para que a Saúde seja tratada de melhor forma que tem sido tratada até agora”.

Contudo, Miguel Guimarães recorda que, aquando do anúncio da demissão de Marta Temido, António Costa tinha afirmado que a política para o setor da Saúde já estava determinada e que um novo titular não alteraria esse rumo.

“É preciso que haja adaptações na política de Saúde”, frisa, “porque se elas não existirem é óbvio que dificilmente se resolvem os grandes problemas”. O bastonário destaca que “apesar de o Dr. Manuel Pizarro ser um excelente gestor de recursos humanos, de conseguir ter uma boa relação com os médicos e com os outros profissionais de saúde” e de saber ouvir as pessoas e as estruturas representativas do setor, “isto funciona durante algum tempo, mas não funciona durante muito tempo”.

O bastonário diz que o primeiro problema que Pizarro enfrentará nas suas novas funções “é a falta de capital humano no SNS”, destacando que estamos numa “situação crítica”, em que “faltam médicos de várias especialidades dentro do Serviço Nacional de Saúde, e é preciso fazer algumas mudanças estruturais para que os médicos comecem a optar por trabalhar” no setor público.

“Este o principal desafio que tem de ser resolvido” pelo novo ministro, defende Miguel Guimarães, e tal requer, por exemplo, “mexer nas carreiras médicas, valorizar o trabalho [dos profissionais da Saúde] de uma forma diferente do que tem sido feito até agora, investigação e inovação, flexibilidade nos horários de trabalho”.

O responsável destaca também que deverão ser prioridades a “requalificação dos serviços de urgência, que é uma matéria importante”, a “capacidade de reposta ao nível de cuidados de saúde primários”.

Miguel Guimarães deseja “boa sorte” ao novo ministro e “esperemos que consiga fazer coisas positivas para que os portugueses tenham melhor acesso aos cuidados de saúde”.

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