Brasil: Foram registados mais de 33 mil incêndios na Amazónia em agosto. É o número mais alto em mais de uma década
Os satélites da Agência Espacial Brasileira detetaram mais de 33 mil incêndios na floresta amazónica no passado mês de agosto, superando os 28 mil do mesmo mês de 2021 e sendo o número mais alto registado num mês de agosto em mais de 10 anos.
Rómulo Batista, da Greenpeac Brazil, relata à ‘Euronews’ que o “pulmão do mundo”, como é conhecida a Amazónia, não tem sido só destruída pelas chamadas, mas também pela desflorestação. O ativista conta que nos primeiros seis meses de 2022 registou-se a maior área desflorestada de sempre.
As populações locais queixam-se da perda de qualidade do ar que respiram, fruto da perda de floresta e dos fogos, que os especialistas acreditam que são despoletados ilegalmente por agricultores que procuram aumentar as suas áreas de cultura.
Uma das habitantes da área amazónica conta ao mesmo órgão de comunicação social que em 2022 os fogos foram distintamente mais intensos do que em anos anteriores, apontando que houve alturas em que o horizonte e o sol nascente estavam cobertos por densas nuvens de fumo e em que se registaram temperaturas anormalmente elevadas para a época.
Imagens de satélite indicam que quase 4 mil quilómetros quadrados de floresta amazónica foram desflorestados só entre janeiro e junho deste ano, o que equivale a uma área quadro vezes maior do que a cidade de Nova Iorque.
Conta a ‘CNBC’ que essa área é também 80% maior do que a que foi registada no primeiro semestre de 2018, um ano antes do Presidente Jair Bolsonaro ter assumido a liderança do Brasil. O atual Chefe de Estado tem sido frequentemente criticado por negligenciar a destruição da Amazónia em prol do agronegócio, e até de incentivar a devastação de uma das áreas florestais mais importantes para a produção de oxigénio a nível mundial e para a regulação do clima.
Em julho, a diretora científica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazónia (IPAM), Ane Alencar, denunciava que “aqueles que controlam a Amazónia não querem preservá-la” e que “a floresta intacta não tem valor para na Amazónia dos dias de hoje”.
De acordo com o ‘Mongabay’, entre meados de 2000 e 2012, a desflorestação da Amazónia registou um declínio, mas aponta que, desde que tomou posse, a administração de Bolsonaro tem vindo a enfraquecer as leis ambientais do Brasil e a retirar proteção à Amazónia, abrindo caminho para as indústrias agroalimentar, madeireira e mineira.
Alguns estudos apontam que a perda de floresta terá impactos sérios ao nível dos ciclos da água na Amazónia, levando à redução do volume de precipitação, o que poderá alterar radicalmente a natureza dessa floresta, de uma zona húmida e rica em biodiversidade para um cenário mais seco e que se aproxima mais das paisagens de savana.