UE vai mesmo limitar emissão de vistos a cidadãos russos, garante João Gomes Cravinho
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, afirmou esta quarta-feira que a União Europeia via mesmo limitar a emissão de vistos a cidadãos russos, pondo fim a um “acordo de facilitação de vistos” que tinha assinado entre Bruxelas e a Rússia “na primeira década deste século”.
Reunidos em Praga, os na República Checa, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia acordaram que a parceria estratégia que existia com a Rússia, e da qual derivou o acordo de facilitação de vistos, “já não existe” e que, por isso mesmo, “não há razão nenhuma para termos, em relação à Rússia, um mecanismo de facilitação de vistos que nós também não temos com tantos outros países do mundo”.
O chefe da diplomacia portuguesa salienta que esta decisão dos Estados-membros acarretará “um grau de exigência muito maior e um crivo mais apertado na verificação da documentação de cada viajante para a União Europeia”.
Olhando em frente, João Gomes Cravinho afirma que se espera um “trabalho técnico complexo, que está atualmente a ser feito, relacionado com a circulação de russos que já têm visto”, recordando que atualmente existem “cerca de 12 milhões de vistos Schengen emitidos para cidadãos russos”. Dessa forma, estão a ser definidas “as condições que permitem a alguns países condicionar [a emissão de vistos], nomeadamente aqueles que têm fronteiras terrestres com a Rússia”.
O MNE confirma que os vistos já emitidos mantêm-se válidos, mas avisa que “cada país tem o direito de considerar que um potencial visitante pode constituir uma ameaça à segurança nacional e, portanto, condicionar o acesso”.
Os 27 Estados-membros estão agora a debater “como é que essa realidade pode ser posta em prática, particularmente para países que já têm um número muito elevado de cidadãos russos”, salientando que se devem evitar as generalizações e que muitos russos são “bem-intencionados” e alguns chegam à Europa em fuga de um regime com o qual não concordam.
Quanto a Portugal, Cravinho antecipa uma diminuição do número de entradas de cidadãos russos no país, sublinhando que, comparando com os anos de 2018 e 2019, o volume de emissão de vistos a essas pessoas já registou uma redução.
“Nós não temos números muitos elevados de russos a virem para Portugal, não somos dos países para os quais os russos mais viajam, mas haverá menos do que atualmente”, explicou o ministro.