“Até Portugal foi mais generoso”: Ucrânia critica Espanha por falhas nas promessas de envio de armas
Políticos e militares acusam o governo espanhol de não ter cumprido com as promessas que fez para enviar armamento para a Ucrânia, e as comparações com Portugal são usadas para criticar Madrid.
Uma fonte militar não identificada conta ao jornal ‘El Mundo’ que “até Portugal, um país mais pequeno, foi muito mais generoso”, e acrescenta que o lado espanhol tem frequentemente apontado “problemas” que impedem o envio de mais armas para Kiev. Palavras como “surpresa” e “desilusão” são usadas por várias das fontes que falaram ao periódico espanhol.
O Primeiro-ministro Pedro Sánchez esteve na capital ucraniana em abril passado, ao lado de Zelensky, ocasião em que prometeu o “maior envio de armamento” até ao momento de Espanha para a Ucrânia. Nessa altura, o líder espanhol garantiu que estariam a caminho a Polónia 40 veículos com cerca de 200 toneladas de material para reforçar as linhas ucranianas.
Contudo, as informações indicam que esses mesmos veículos chegaram à fronteira polaca, descarregaram o material e partiram de regresso a Espanha, mas os ucranianos tinham previsto ficar também os carros ligeiros e com os camiões. Isso não aconteceu.
Em junho, a Ucrânia esperava receber 40 tanques Leopard 2 A4, parte da reserva das Forças Armadas espanholas e que estariam em bom estado de conservação. Contudo, Espanha precisava de uma autorização da Alemanha, pois esses veículos eram de origem alemã. Mas Berlim garantiu não ter recebido qualquer pedido por parte de Madrid.
Depois, a Defesa espanhola cortou de 40 para 10 o número de tanques que afinal seriam enviados para a Ucrânia, pois muitos estavam em mau estado e seriam até um risco para quem os usasse. Ainda assim, esse envio acabou por não acontecer.
No início de agosto, o descontentamento com as voltas e reviravoltas de Espanha tornou-se evidente, quando o embaixador ucraniano em Madrid, Sergey Pohoreltsev, à saída de uma reunião com a ministra da Defesa, Margarita Robles, que “se alguém quer ajudar, procura e encontra forma de fazê-lo”, acrescentando que “espero que tenhamos em breve o material de que tínhamos falado”.
Pohoreltsev sublinhou que “estamos gratos pelo fornecimento de armas que Espanha fez, mas continuamos a precisar de mais e mais coisas”, apontando que “espero que, com o apoio da ministra e do Governo [de Espanha] possamos obter, se não tudo, o que precisamos para vencer a guerra”.
Por cá, Portugal já enviou para a Ucrânia315 toneladas de material militar, de acordo com o Ministério da Defesa Nacional, entre equipamento de proteção, munições, armamento, material médico e sanitário, drones.