Varíola dos macacos: Detetado primeiro caso de transmissão de humano para um animal
Foi identificado, pela primeira vez, um caso de infeção por varíola dos macacos de um animal, um cão, através de um portador humano. O animal desenvolveu sintomas e lesões corporais semelhantes às que se registam em humanos.
A descoberta foi divulgada num artigo publicado esta semana na revista científica ‘Lancet’, que revela que o primeiro paciente animal infetado por varíola dos macacos através de humanos era um galgo italiano macho de quatro anos, e terá contraído o vírus a partir dos seus donos, dois homens franceses que estariam também infetados.
O animal terá começado a desenvolver pústulas (borbulhas com pus) no abdómen e úlceras no ânus, 12 dias após os seus próprios donos terem desenvolvido sintomas. A infeção do cão foi confirmada por teste PCR e análises laboratoriais posteriores demostraram que a sequência genética do vírus que infetou o animal correspondia à que foi identificada num dos humanos.
Os especialistas que assinam o estudo sugerem que a transmissão terá ocorrido devido à proximidade entre os donos e o animal, com os homens a reportarem que o cão dormia no mesmo espaço que eles.
De acordo com as informações avançadas, “em países endémicos [em países da África Central e Ocidental], apenas se descobriu que o vírus da varíola dos macacos era transportado por animais selvagens (roedores e primatas)”. No entanto, salientam que foram identificados casos de infeção em cães-da-pradaria nos Estados Unidos e em primatas cativos na Europa, “que tiveram contacto com animais infetados importados”.
Com o aumento do número de casos a nível mundial, que hoje totalizam já mais de 30 mil, os especialistas alertam que a probabilidade de o vírus ser transmitido de humanos para animais, especialmente os de companhia, será cada vez maior.
“As nossas descobertas devem promover o debate sobre a necessidade de isolar animais de estimação de indivíduos infetados por varíola dos macacos”, avisam.
Em Portugal, que conta já com 700 casos confirmados de infeção, a Direção-Geral da Saúde (DGS) alertou, em maio, que o contacto próximo de humanos com animais domésticos deve ser evitado em caso de identificação de sintomas.