“Estamos preparados para usar todos os meios necessários”: China volta a ameaçar Taiwan com reunificação pela força
O embaixador chinês na Austrália, Xiao Qian, afirmou que a China poderá recorrer à força para reunificar Taiwan com a potência asiática, explicando que “estamos preparados para usar todos os meios necessários”.
Num encontro esta quarta-feira no National Press Club, na Austrália, o representante diplomático disse que a relação entre Pequim e Taiwan é uma relação de governo central com um governo local, com o objetivo de “trazer de volta Taiwan para a Mãe-Pátria”.
“A nossa abordagem é consistente, clara e bastante transparente”, argumentou Xiao Qian, salientando que “ao longo de décadas dizemos que as pessoas na China continental e as pessoas em Taiwan são chinesas, somos ambos chineses”.
O embaixador garante que “a última coisa que queremos é usar a força e essa e uma das principais razões pelas quais a China tem sido tão paciente”, acrescentando que “há décadas que aguardamos por uma reunificação pacífica”.
No entanto, avisa que “nunca poderemos afastar totalmente a opção de usar outros meios”. “Quando necessário, quando compelidos a isso, estamos preparados para usar todos os meios necessários”, apontou. Sem adiantar claramente o que “todos os meios necessários” significam concretamente, Xiao Qian diz apenas “usem a vossa imaginação”.
Apesar das declarações que evitam comprometer Pequim com qualquer ação mais musculada contra o vizinho insular, o representante do Estado chinês na Austrália é perentório: “Nunca permitiremos que Taiwan seja separada da China”.
As advertências de Xiao Qian ecoam a narrativa oficial do governo chinês, que há várias semanas tem vindo a lançar vários avisos, críticas e até ameaças aos Estados Unidos, depois de se saber que a Presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, planeava visitar Taiwan, no que a China viu como uma declaração formal de apoio ao movimento independentista taiwanês.
A visita veio a consumar-se no passado dia 2 de agosto. Apesar de Washington assegurar que a visita de Pelosi não pretender alterar o statu quo na região, ou seja, não teve como objetivo oficializar a independência de Taiwan, Pelosi defende que a China não pode impedir que representantes políticos estrangeiros visitem as autoridades democraticamente eleitas no território insular.
Pelosi deixou Taiwan no dia 3, mas no seu encalçou deixou um clima de grande tensão geopolítica, que agudizou as relações entre EUA e China, tendo essa última estado a realizar exercícios militares nas águas do Estreito de Taiwan, e em torno de toda a ilha.
O governo taiwanês já denunciou que essas manobras militares chinesas, com frotas de aviões de combate e navios de guerra a envolver Taiwan, são um prelúdio para uma invasão da ilha.