Falhas do Ocidente em responsabilizar a Rússia por ataques passados alimentaram “sentimento de impunidade” de Putin, diz analista político

Roman Rukomeda, especialista ucraniano em assuntos internacionais no Centro para a Integridade no Setor da Defesa (CIDS), defende que ameaças da Rússia contra a central nuclear de Zaporíjia, “a maior estação nuclear na Europa”, “ameaçam matar milhões de pessoas na Ucrânia e noutros países europeus”.

Num artigo de opinião publicado esta terça-feira no ‘Euractiv’, Rukomeda lamenta que “as lições da agressão russa contra a Geórgia a 8 de agosto de 2008 e do início da guerra contra a Ucrânia em 2014 não foram aprendidas pela NATO e pela União Europeia”.

O analista político argumenta que a relativa inação dessas duas entidades aquando das agressões contra a Geórgia e contra a Ucrânia, há oito anos, permitiu à Rússia desenvolver um sentimento de impunidade “pelos seus crimes e violações do direito internacional, direitos humanos, soberania dos Estados e muitos outros pilares da atual ordem internacional”.

“Como resultado, em fevereiro deste ano, observámos o início da maior guerra do século XXI até hoje”, escreve Rukomeda, defendendo que poderá ter como resultado “uma nova catástrofe nuclear” na Europa.

Ecoando declarações do Presidente ucraniano Zelensky para que os países ocidentais fechem as suas fronteiras aos russos, o analista defende que “a Rússia deve ser totalmente isolada do mundo civilizado, sem que sejam possíveis negociações até que volte a seguir o direito internacional”.

Os alegados ataques das forças russas a centrais nucleares na Ucrânia é o reflexo da falta de progresso no teatro bélico. “Não tendo resultados significativos nos campos de batalha, a Rússia decidiu focar-se em ataques nucleares”.

O analista acusa Moscovo de desferir ataques à central de Zaporíjia e de já ter “danificado algum do equipamento, o que poderá causar uma emergência”, acrescentando que cabe agora aos Estados Unidos, à NATO e à UE “perceberem como travar uma das maiores ameaças nucleares do nosso tempo”.

Referindo-se ao relatório da Amnistia Internacional que acusa Kiev de estar a colocar em perigo a vida de civis por colocar as suas forças militares em edifícios residenciais e zonas habitadas, Rukomeda frisa que “a guerra da Ucrânia mostrou que importantes organizações internacionais para a proteção de populações civis em guerra são inúteis e impotentes”, sugerindo que devem ser reformadas ou substituídas por outras.

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