Yupido publicou contas. Tecnológica portuguesa não vende, mas continua a valer 29 mil milhões de euros
A misteriosa Yupido, empresa com o maior capital social do país, publicou as contas relativas a 2018. Tudo somado, dá o robusto valor de 29 mil milhões de euros, mais de 10% do Produto Interno Bruto Português, avança o “Expresso”. Mesmo assim, continua sem ter qualquer actividade pública ou produto lançado.
As contas do ano passado, que o semanário consultou através de um relatório de crédito da Informa D&B, indicam também que a Yupido afirma contar com 175 trabalhadores, justamente 175 a mais do que em 2016 (em 2017 a empresa falhou a apresentação de resultados). No entanto, na rubrica de gastos com pessoal, não há registo de ter pago um único cêntimo a alguém.
Esta sociedade, fundada no Verão de 2015, converteu-se de imediato numa das maiores do país, competindo com gigantes da bolsa portuguesa, como a EDP, a Galp ou a Jerónimo Martins. Deu nas vistas da imprensa e das autoridades em Setembro de 2017, depois de o economista Carlos Pinto ter levantado dúvidas quanto à legalidade da sua actividade.
Volvidos dois anos, está sediada nas Torres de Lisboa, mas tem escritório em Telheiras. Não se conhecem trabalhadores e nenhum parceiro relevante. A administração, adianta o “Expresso”, continua a cargo de Torcato Caridade da Silva e de Cláudia Pereira Alves.
O caso passou pelas mãos da Polícia Judiciária e pela Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), assim como pelo Ministério Público (MP) e pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários. O MP decidiu arquivar o processo, que não levou à constituição de qualquer arguido, revelou o “Jornal de Notícias” no início deste mês.
Da investigação conduzida pela OROC saiu apenas um arguido: António José Alves da Silva, o revisor oficial de contas que comprovou que a Yupido valia 28,8 mil milhões de euros no último aumento de capital da empresa.