Divisa chinesa a caminho da maior queda em 25 anos
Numa altura em que a tensão entre a China e os Estados Unidos se agrava, as praças financeiras acordaram em ebulição. A moeda chinesa, designada como reminbi e que tem como unidade de conta o yuan, caminha para a maior queda mensal desde 1994, avança o “Financial Times”.
De acordo com o jornal britânico, a moeda chinesa já caiu 3,7% face ao dólar em Agosto. Na segunda-feira, um dólar norte-americano valia sete yuans, o valor mais baixo da moeda chinesa em 11 anos.
Até ontem, a divisa chinesa acumulava dez quedas diárias consecutivas, registando o maior ciclo de desvalorizações desde 2015. Tal aconteceu por decisão do Banco Popular da China, que permitiu que a divisa chinesa flutuasse em valores idênticos aos de 2008, período de pico da crise financeira mundial. Ao contrário do euro, do dólar, da libra ou do iéne, o yuan não é inteiramente convertível, podendo variar até 2% por dia, consoante intervenção do banco central chinês.
Esta queda foi mal recebida por Washington e gerou dúvida quanto a um possível acordo com os Estados Unidos. Pequim é agora acusado pelo Tesouro norte-americano de estar a manipular a sua moeda.
Do lado dos analistas, o enfraquecimento da divisa chinesa é lido como arma de arremesso ao anúncio de mais tarifas adicionais a bens-chineses pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
Ao “Financial Times”, o economista do Deutsche Bank, Yi Xiong, explica que a China poderá estar a adoptar uma estratégia de longo prazo. «A China não acha que a disputa comercial seja algo que pode ser realmente resolvida no curto prazo», diz.
Na origem do conflito entre os dois países está a política de Pequim para o sector tecnológico. A China quer transformar as firmas estatais nacionais em importantes actores globais em áreas de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos. Mas os Estados Unidos não cedem, por considerarem que o plano viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às organizações do seu país, protegendo-as da competição externa.