Stoltenberg: “A guerra na Ucrânia mostrou o perigo da dependência de produtos vindos de regimes autoritários”

Na abertura da cimeira da Aliança Atlântica em Madrid, esta terça-feira, o Secretário-Geral da NATO alertou para o risco do ocidente estar energeticamente dependente de países hostis aos valores dos países da aliança das democracias. E aponta que a transição energética e a luta contra as alterações climáticas são o caminho certo.

Num quadro de aquecimento global sem tréguas, Jens Stoltenerg disse que a organização tem que adaptar a sua forma de operar às transformações do clima, que geram condições extremas em vários cenários de operação, e afirmou que “temos que reduzir as nossas próprias emissões”.

Nesse sentido, o responsável revelou que será hoje lançada “a primeira avaliação de sempre conduzida pela NATO de como as alterações climáticas afetam a nossa segurança, os nossos ativos militares, instalações e atividades, bem como a nossa resiliência e preparação civil”.

“As alterações climáticas afetam profundamente os ambientes em que os nossos homens e mulheres operam”, disse Stoltenberg, apontando como exemplo as altas temperaturas sentidas nas terras desérticas do Iraque e os ventos gélidos das vastas extensões de gelo no Ártico.

“O aumento do nível do mar, as tempestades que afetam as nossas bases navais, os furacões… A lista é extensa”, afirmou o SG da NATO, sublinhado que “temos que nos preparar e dar às nossas forças armadas o equipamento necessário para operarem nestas condições extremas”.

Soltenberg disse que “agora temos em conta as alterações climáticas quando estamos a planear as nossas operações” e assim “podemos garantir maior eficácia em ambientes mais adversos”.

“Se falharmos em preservar a paz, falharemos também na luta contra as alterações climáticas”, sentenciou Stoltenberg, e avançou que foi desenvolvido um sistema civil-militar de medição das emissões de gases com efeito de estufa da NATO, que poderá ser disponibilizado a qualquer um dos 30 Aliados.

“A guerra na Ucrânia mostrou o perigo da dependência de produtos vindos de regimes autoritários”, alertou, apontando a estratégia da Rússia para usar a energia como arma, o que “sublinha a necessidade de deixarmos de depender de gás e petróleo russos”.

No entanto, avisa que “não devemos deixar uma dependência por outra”, referindo que muitas das tecnologias essenciais para a transição energética dependem de componentes e outros elementos que vêm da China, pelo que “temos que diversificar as nossas fontes de energia”.

Para garantir a interoperabilidade das tecnologias entre Aliados, Stoltenberg disse que a NATO é a plataforma ideal para uniformizar padrões tecnológicos e apelou aos países membros para apresentarem, na próxima reunião de alto-nível da aliança no próximo ano, as suas estratégias de transição energética para ser possível um trabalho em conjunto.

“Assim, a NATO poderá ser o nexo entre segurança e clima”, sublinhou.

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