A prioridade da NATO é continuar a modernizar a defesa ucraniana. “É isso que temos de mais urgente agora”, diz Secretário-Geral da NATO

Em conferência de imprensa esta quarta-feira, Jens Stoltenberg diz que os Aliados vão continuar a aumentar o apoio à Ucrânia e justifica os atrasos na entrega de armamento com a necessidade de formar os militares na sua utilização.

O Secretário-Geral da NATO confirma que Zelensky será convidado para cimeira da aliança em Madrid, agendada para dias 29 e 30 de junho, e que falará aos Estados-Membros, e reafirma que “os Aliados estão extremamente dedicados no apoio à Ucrânia, não só através de palavras, mas também de ações”.

Reconhecendo que a Ucrânia aspira a ser membro da NATO, o Secretário-Geral sublinha que o foco da aliança agora está em ajudar o país contra as forças invasoras russas, com o apoio à continuação da modernização da defesa ucraniana. “É isso que temos de mais urgente agora”, frisa.

Sobre a Geórgia, outro país que também sofre agressões por parte da Rússia, Stoltenberg diz que “à luz da guerra na Ucrânia, torna-se ainda mais importante que os Aliados da NATO prestem apoio a outros parceiros que estão vulneráveis a uma agressão russa”.

Questionado sobre os pedidos feitos pela Ucrânia para mais armamento, Stoltenberg assegura que “os líderes da NATO compreendem essa urgência”, mas diz que “são esforços que levam tempo”, destacando que reuniões como a do Grupo de Contacto para a Ucrânia são essenciais para coordenar esforços. “Não é só entregar armamento”, diz Stoltenberg, é preciso também formar os militares na sua correta utilização.

Referindo-se ao encontro desta terça-feira em Haia, com sete líderes de Estados-Membros da NATO, incluindo o Primeiro-Ministro português António Costa, o responsável refere que todos têm iniciativas próprias para o apoio à Ucrânia e que, por exemplo, os Países Baixos estão a trabalhar na formação dos soldados ucranianos na operação de novos equipamentos militares avançados. “A necessidade de apoio da Ucrânia é grande. A Ucrânia está numa situação crítica”.

Sobre as exportações de cereais, Stoltenberg sublinha que a diminuição da oferta nos mercados internacionais, e o consequente aumento dos preços, “não está a ser causado pelas sanções da NATO”, mas é “uma consequência direta da guerra da Rússia na Ucrânia”.

“A Rússia está a criar uma narrativa de que o aumento dos preços dos produtos agrícolas está a ser causado pela NATO e pelos países ocidentais. Não, está a ser causado pela Rússia”, sentencia Stoltenberg.

Para que os preços possam voltar a descer, ele afirma que a única solução “é acabar com a guerra da Rússia”. O responsável reconhece que existem constrangimentos à retirada de cereais retidos nos portos ucranianos, e diz que a solução poderá estar no transporte por terra, o que envolve mais esforço do que por mar.

Diz que espera que a Turquia seja bem-sucedida nos esforços que está a empreender para permitir que seja possível o transporte de cereais pelo Mar Negro, através da mediação e contactos com os contrapartes russos. “Mas ainda é precoce dizer se seremos bem-sucedidos ou não”.

O líder da Aliança Atlântica diz que “estamos preparados para ataques que possam vir de qualquer direção”, explicando que o foco da NATO não está somente na frente Leste do conflito. Avança que a NATO tem vindo a aumentar a sua presença nos países do Leste, designadamente nos países do Báltico, e que espera que mais Estados-Membros aumentem as suas contribuições com efetivos militares.

Destaca que a Alemanha e o Reino Unido duplicaram a sua presença nos países bálticos e que os Estados Unidos aumentaram a presença na Europa em cerca de 30%, de 70 mil soldados para mais de 100 mil.

A NATO planeia agora continuar a reforçar a presença no Leste europeu, mais grupos táticos e equipamentos e reforço de efetivos e de munições.

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