Crise climática: Necessidades de financiamento para responder a desastres climáticos aumentaram 800% em 20 anos

Um relatório divulgado, esta terça-feira, pela organização internacional Oxfam revela que o financiamento para assistência humanitária urgente é “dolorosamente insuficiente” e que “os países ricos têm consistentemente resistido” em financiar os apelos para situações de desastres climáticos.

Em 2000, cerca de 36% dos apelos das Nações Unidas para financiamento humanitário estavam relacionados com eventos climáticos extremos. Em 2021, essa porção tinha subido para os 78%. A análise calcula que a média das necessidades de financiamento humanitário relacionadas com desastres climáticos entre 2019 e 2021 é oito vezes superior à média registada entre 2000 e 2002.

“À medida que as alterações climáticas ganham impulso, o sistema humanitário está cada vez sob maior pressão e não é capaz de responder adequadamente”, alerta a Oxfam.

O relatório avança que os impactos económicos globais de desastres climáticos crescem a cada ano que passa. No ano passado, pela primeira vez desde que há registo, os quatro maiores desastres com as consequências económicas mais negativas estiveram relacionados com eventos climáticos, tendo sido registadas perdas superiores a 20 mil milhões de dólares em cada um deles.

Estima-se que os desastres climáticos em 2021 tenham gerado perdas de 329 mil milhões de dólares, atrás de 2017, ano em que o furacão Harvey nos Estados Unidos teve um impacto económico estimado em 125 mil milhões de dólares.

Quanto ao futuro, a Oxfam aponta que até 2030 as necessidades de financiamento humanitário para crises relacionadas com o clima podem aumentar 20 mil milhões de dólares por ano. Os países africanos surgem como os mais vulneráveis a perdas relacionadas com o clima extremo, seguidos pelos países da América Latina e do Médio Oriente. A Europa ocidental e a América do Norte aparecem como as regiões em que se estimam que serão registados os níveis mais baixos de perdas geradas pelas alterações climáticas.

A Oxfam insta os países mais ricos a reforçarem a cooperação em matéria de alterações climáticas, o que deverá passar por programas de financiamento aos países em desenvolvimento para reduzirem as suas emissões de gases com efeito de estufa e para melhor se adaptarem às alterações do clima.

A próxima cimeira climática das Nações Unidas, a COP27 está marcada para novembro deste ano, no Egito, e a organização aproveita para deixar um recado aos países do mundo: “as negociações climáticas das Nações Unidas não podem continuar a ignorar os prejuízos sofridos pelas comunidades que estão a enfrentar os piores impactos das alterações climáticas”.

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