Especialista identifica cinco tipos de “Covid longa” que deixam sequelas diferentes
Até ao momento, já foram identificados mais de 200 sintomas associação ao novo coronavírus, os cientistas estão a procurar determinar quanto tempo, ao certo, demora a infeção.
A especialista em doenças infeciosas Alexandra Brugler Yonts, do Children’s National Hospital, nos Estados Unidos, explicou à ‘Fortune’ que divide as infeções de longa duração por Covid-19 em cinco categorias, usando como critérios as sequelas deixadas pela doença.
A primeira categoria agrupa os pacientes que apresentam danos nos seus órgãos devido à infeção, que causarão problemas de saúde no longo-prazo. Como exemplo, cerca de 50% das pessoas que contraíram a doença ainda apresentam lesões pulmonares um ano após a infeção.
Outra classificação prende-se com o processo de inflamação, uma resposta imunológica que tem como propósito atacar células infetadas. Contudo, há registo de casos em que a reação inflamatória persiste muito tempo após a infeção, o que poderá prejudicar o saudável funcionamento de outros órgãos.
A disautonomia é outra das categorias apresentadas pela especialista, e define o conjunto de perturbações ao nível do funcionamento do sistema nervoso autónomo, que rege os impulsos nervosos, gerados sem a vontade ou intenção da pessoa, que vão do cérebro ou da medula espinal até, por exemplo, as glândulas e o coração.
Algumas pessoas que contraíram a Covid-19 experienciaram efeitos diretos sobre o sistema autónomo, sendo que se estima que a Síndrome da Taquicardia Postural Ortostática (POTS) afeta doentes Covid-19 de longa duração. Considerada uma resposta autoimune, a POTS poderá causar irregularidades no ritmo cardíaco e na pressão arterial à medida que a pessoa muda de posição, por exemplo, levantando-se da cama ou de uma cadeira.
Em alguns doentes Covid-19, nota-se que a carga viral parece não diminuir, devido a células infetadas que continuam a produzir cadeias genéticas do vírus, prolongando a infeção por vários meses, e, do ponto de vista de Alexandra Brugler Yonts, constitui mais uma categoria de infeção prolongada.
A classificação final está relacionada com alterações ao nível da capacidade de resposta imunológica. A especialista disse à ‘Fortune’ que a ocorrência desta categoria já foi observada em conjunto com outras categorias, mas também já se verificou sozinha.
Dias após a infeção, o sistema imunitário procura autonormalizar-se, corrigindo os picos de resposta verificados para combater o agente patogénico. Contudo, ao reduzir a atividade, pode expor o organismo a vírus que, em situações normais, poderia combater. A especialista conta que alguns pacientes jovens que tiveram Covid-19, após a infeção, acabaram por contrair doenças como a mononucleose, que o corpo poderia ter repelido facilmente se o sistema imunitário estivesse a funcionar normalmente.
Yonts explica que os cientistas se devem focar na identificação das causas destas infeções de longa duração, para que seja possível conceber os tratamentos mais adequados e minimizar as sequelas a longo prazo da infeção de Covid-19.