O legado do governo de Vladimir Putin: 20 anos à frente dos destinos de um país que se envolveu em cinco guerras sangrentas

O antigo operacional do serviço secreto soviético KGB chegou ao poder em 2000, depois de o antecessor e mentor Boris Ieltsin ter abdicado do poder devido a uma saúde deteriorada. Desde então, a Rússia já participou em vários conflitos que geraram milhares de mortes de ambos os lados da barricada.

Vladimir Putin foi, pela primeira vez, eleito Presidente da Federação Russa em março de 2000, depois de, a 31 de dezembro, Ieltsin ter abandonado o cargo, deixando-o no cargo em regime interino até ao ato eleitoral.

Mas antes de ocupar a Presidência, Putin assumiu o cargo de Primeiro-Ministro em 1999. Nesse ano, o país lançou uma ofensiva militar contra a região autónoma da Chechénia, depois de em 1996 Moscovo ter abandonado a operação militar que tinha começado nessa área dois anos antes. A segunda parte da ofensiva contra a Chechénia arrastou-se por uma década, tendo em 2009 o Kremlin decretado o fim da intervenção.

A Chechénia é hoje governada por Ramzan Kadyrov, um dos homens-fortes de Putin cujas forças paramilitares têm participado na guerra em curso na Ucrânia.

Em 2008, a Constituição russa obrigou Putin a deixar a Presidência, que foi assumida pelo aliado Dmitry Medvedev, mas foi nomeado Primeiro-Ministro, num “jogo das cadeiras” que permitia que Putin, na prática, mantivesse o controlo sobre as decisões estratégicas do país. Em meados desse ano, o país invadiu a Geórgia, numa agressão que pretendia retirar a região da Ossétia do Sul da jurisdição georgiana. Em poucos dias, o Kremlin anunciou a vitória, reconhecendo a independência dessa região e também da Abecásia, outra região separatista pró-russa do país vizinho.

Na Ucrânia, em 2014 a Rússia invadiu, ainda que nunca o tenha admitido oficialmente, a península da Crimeia, uma importante região para o país poder assumir o controlo do estreito de Kerch, que liga o Mar de Azov ao Mar Negro. Apesar de a comunidade internacional não reconhecer a anexão, a Crimeia é controlada por figuras aliadas do governo russo.

Na altura, as repúblicas separatistas pró-russas de Donetsk e Luhansk proclamaram a sua independência da Ucrânia, que recebeu o apoio do Kremlin. As autoridades russas apostavam na difusão da narrativa de que Moscovo não teve qualquer intervenção direta nessas regiões e que a decisão tinha sido tomada pelas populações residentes através de um referendo local. Esse ato foi considerado por muitos observadores como tendo sido uma encenação orquestrada por Moscovo.

Em 2022, no dia 24 de fevereiro, a Rússia voltou à carga na Ucrânia, com uma agressão militar de larga escala, que não classifica como uma guerra, mas sim como uma “operação militar especial” para libertar o povo ucraniano e russófono do jugo de “forças nazis”.

E não nos devemos esquecer da participação da Rússia na guerra civil da Síria, colocando-se ao lado do Presidente Bashar Al-Assad, acusado pela comunidade internacional de ter lançado uma guerra contra o próprio povo, através, por exemplo, da utilização de armas químicas.

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