Quem é o Patriarca Kirill que pode levar a Hungria a bloquear o embargo europeu ao petróleo da Rússia?
O novo pacote de sanções da União Europeia, que prevê reduzir em 90% a dependência da energia russa atá ao final do ano, pode sofrer um novo veto da Hungria. O país exige que o líder da Igreja Ortodoxa Russa seja retirado da lista de personalidades sancionadas.
O bloco dos 27 países europeus está em processo de finalização do sexto conjunto de punições a serem lançadas contra a Rússia, depois de o grupo ter conseguido a aprovação do governo do Primeiro-Ministro Viktor Órban. Budapeste conseguiu uma concessão que permitirá ao país continuar a receber petróleo russo durante os próximos cinco anos. No entanto, mais um obstáculo pode surgir no caminho da UE.
A Hungria agora exige que o Patriarca Kirill seja retirado da lista de sanções concebida por Bruxelas, para que o país possa dar o seu aval ao novo pacote.
Nascido em São Petersburgo há 75 anos, sob o nome de Vladimir Gundyaev, lidera a Igreja Ortodoxa Russa, com 100 milhões de seguidores e cerca de 80% da população russa, de acordo com a ‘Fortune’.
Kirill, que se suspeita que tenha exercido funções como agente do serviço secreto soviético KGB, tem sido um dos maiores defensores da política de linha dura seguida pelo Kremlin, tendo demonstrado apoio pela invasão e anexão da península ucraniana da Crimeia pela Rússia, em 2014.
O patriarca ortodoxo, que se senta no núcleo interno de Putin, tem sido um poderoso instrumento de propagação da narrativa oficial do governo russo, com uma grande capacidade de mobilização das massas e da opinião pública, enquadrando a investida contra a Crimeia como uma “guerra santa” para expurgar a região do jugo dos “inimigos de Deus”.
Ao colocar a retirada do Patriarca Kirill da lista de personalidades visadas por Bruxelas, a Hungria, um aliado confesso do regime russo, poderá atrasar a aprovação das novas sanções europeias à Rússia, que irá privar ainda mais o Kremlin de fundos para alimentar o esforço de guerra russo na Ucrânia.