“Promover a inclusão social e financeira”. Nickel e a Opensoft trabalham em plataforma híbrida

A Nickel e a Opensoft estão a trabalhar juntas numa plataforma híbrida, com componente em ponto de venda e online, que pretende “reforçar a confiança no setor financeiro”. João Guerra, CEO da Nickel, e Rui Cruz, diretor de projeto da Opensoft, falaram com a Risco sobre a nova proposta.

 

A Nickel chega a Portugal com a proposta de “democratizar o acesso a uma conta”. De que formas?

João Guerra (JG): A Nickel chega a Portugal exatamente com o mesmo propósito que chegou a França, Espanha e Bélgica, que é tornar os serviços financeiros mais simples, acessíveis e universais.

Acreditamos que todos os portugueses devem ter a possibilidade de fazer parte de um sistema financeiro mais transparente e justo, por isso, disponibilizamos uma conta de pagamento que permite efetuar as operações necessárias para a gestão do quotidiano.

Assim, a Nickel propõe-se a promover a inclusão social e financeira, apostando na democratização do acesso a uma conta.

 

Qual a estratégia e objetivos da Nickel para Portugal?

JG: A Nickel tem como propósito democratizar o acesso a serviços financeiros essenciais, disponibilizando uma conta que pode ser aberta em qualquer ponto de venda Nickel (no comércio local de proximidade) por apenas vinte euros e oitenta cêntimos, desde que tenha consigo o documento de identificação e um telemóvel.

Queremos facilitar o dia a dia de todos os portugueses, pelo que oferecemos um serviço simples, útil, universal e benevolente. Em Portugal, assim como nos outros mercados em que estamos a operar, procuramos promover a inclusão social e geográfica, transformando e simplificando o acesso e a utilização dos serviços financeiros básicos no país, de forma inclusiva e transparente.

Tendo como objetivo, num prazo de cinco anos, que sejam abertas 450.000 contas e implementados 2.500 pontos de venda no país, estamos a trabalhar para o desenvolvimento de uma economia mais digital e mais cashless, permitindo uma clara transformação positiva do sector financeiro em Portugal.

 

Quais os aspetos diferenciadores da oferta da Nickel comparativamente aos outros players do mercado, sejam eles a banca tradicional ou as fintechs já implementadas em Portugal?

JG: A Nickel é uma instituição de pagamento com um modelo de negócio híbrido, pois assenta numa estrutura de pontos de venda (rede de agentes Nickel em território nacional, que pode encontrar no comércio local, tal como em papelarias, tabacarias ou mercearias) e, além disso, possui uma estrutura também digital (através do website, app e totem), muito intuitivos e fáceis de usar. Temos ainda suporte local, com equipas locais, que falam português, e oferecemos uma conta com IBAN português.

Regemo-nos tendo por base quatro valores, que são a simplicidade, universalidade, benevolência e utilidade. Desde o processo de abertura de conta, onde basta que o cliente se dirija a um agente Nickel e tenha na sua posse o seu documento de identificação, um telemóvel e vinte euros e oitenta cêntimos, até à utilização diária desta, queremos garantir que o consumidor não enfrenta qualquer constrangimento.

O nosso preçário é, também, muito simples e a conta responde a necessidades essenciais, permitindo que o cliente gira o seu saldo da forma que lhe for mais conveniente, sem surpresas.

Como referido antes, a inclusão financeira e social da população está também no nosso ADN, e enquanto organização procuramos estar mais próximos das pessoas, proporcionando o acesso a serviços financeiros sem condições em relação aos rendimentos. É também por isso que estamos a trabalhar com a Opensoft, que nos tem ajudado em toda a parte burocrática que o sector financeiro exige e tem experiência e track-record relevante no mercado.

Além disso, queremos incentivar o desenvolvimento do comércio local, contribuindo para a aproximação das regiões onde o acesso a infraestruturas financeiras é limitado.

 

Numa altura em que a tendência é cada vez mais para as aplicações financeiras exclusivamente online, porquê a aposta em pontos de venda físicos? É uma questão de confiança para o consumidor?

JG: Acreditamos que ambas as estruturas se complementam. As nossas ferramentas digitais são bastante fáceis de usar e simplificam o dia a dia dos nossos consumidores. No entanto, não podemos descurar a importância que os pontos de venda têm em todo o processo.

O facto de estarmos a contrariar a tendência de fecho dos balcões no país, tendo parceria com pontos de venda espalhados por todo o território nacional, é uma forma de alcançar ainda mais pessoas, pelo facto destas parcerias proporcionarem uma ampla rede de lojas e serviços, na sua grande maioria existentes nos respetivos bairros há muitos anos e de amplo conhecimento dos seus moradores. Desta forma, facilitamos o acesso destas às suas contas com menos constrangimentos horários e burocráticos, bem como assegurando, efetivamente, uma confiança extra ao consumidor.

Assim, em qualquer ponto de venda, o utilizador pode abrir a sua conta, fazer levantamentos e entregas em numerário, imprimir o seu IBAN, bem como substituir de imediato o seu cartão em caso de perda do mesmo. Na app ou na área de cliente online pode ainda configurar débitos diretos, domiciliar o ordenado e fazer transferências grátis nacionais e internacionais.

 

De que forma a Nickel propõe promover a literacia financeira dos consumidores portugueses?

JG: A Nickel propõe promover a literacia financeira demonstrando que todos podem ter acesso a uma conta de pagamento sem montante mínimo de abertura e sem condições em relação aos rendimentos, que pode ser aberta rapidamente e sem complicações no comércio local. Com a app da Nickel o consumidor tem acesso às transações em tempo real e a uma informação muito simples e transparente do preçário, o que lhe permite uma melhor gestão do seu dinheiro. Também o facto da conta não permitir “descobertos” é um alerta ao cliente da importância de não incorrer em riscos de crédito e em taxas de juro normalmente elevadas. Queremos oferecer a todos os portugueses a possibilidade de fazer parte de um sistema mais acessível, transparente e universal.

Estamos também a apostar em parcerias com algumas entidades e organizações com quem nos identificamos em termos de valores e objetivos, como foi o caso do Festival Iminente e, em particular, o projeto “Bairros”. Para a Nickel faz todo o sentido estar perto da comunidade e promover este tipo de ações, uma vez que também nós temos o propósito de zelar pela inclusão, neste caso financeira, através da reaproximação de regiões onde o acesso a infraestruturas financeiras é limitado.

Além disso, o facto de estarmos a trabalhar com a Opensoft, uma instituição com mais de 20 anos de experiência na prestação de serviços de consultoria tecnológica, leva-nos a crer que, em conjunto, estamos no caminho certo para ajudar os portugueses a estar cada vez mais a par de matérias no âmbito financeiro e, além disso, a trabalhar com o intuito de reforçarmos a confiança neste sector.

 

Além dos pontos de venda disponibilizados fisicamente, quais as inovações propostas aos clientes a nível digital?

JG: Também com esta disponibilização de pontos de venda “físicos”, acabamos por estar a contribuir para levar o digital a populações e regiões onde o nível de utilização do mesmo é tipicamente mais reduzido. Nos pontos de venda o cliente faz uma abertura de conta semi-digital, recebe logo o seu cartão contactless e é estimulado a gerir a sua conta através das nossas ferramentas digitais.

A nível digital os clientes têm acesso ao nosso website, app e redes sociais. Através do website, que dispõe de um serviço de apoio ao cliente de segunda a sexta-feira das 08h30 às 19h00, os clientes têm a possibilidade de se registarem online para criarem conta, sendo depois só necessário dirigirem-se a um ponto de venda para o pagamento e obtenção do cartão Mastercard. Com a app, o utilizador pode ter acesso a todos os movimentos de conta, ao mapa com a localização dos pontos de venda mais próximos de si, fazer transferências, gerir os débitos diretos, definir limites nas transações, bloquear ou cancelar imediatamente o seu cartão em caso de perda, sem necessidade de nenhum contacto adicional, bem como aceder a toda a informação relevante da sua conta, nomeadamente ao IBAN e ao preçário, completo (e simples), de todos os serviços cobrados.

 

Qual o desafio lançado à Opensoft?

Rui Cruz (RC): O desafio lançado à Opensoft teve em consideração a longa experiência da empresa na implementação de processos de faturação certificada, em particular na área da banca e notariado.

No projeto desenvolvido com a Nickel, o objetivo foi muito claro: conseguir a aceleração da faturação certificada, com a confiança, credibilidade e total compliance de que a Nickel, enquanto instituição financeira, necessita para poder operar em Portugal.

Em termos práticos, esta sinergia resulta, por exemplo, no lançamento automático das faturas dos serviços prestados aos seus clientes, assim como o envio do ficheiro SAF-T para a Autoridade Tributária (AT).

 

Que tecnologia a Opensoft vai fornecer para dar resposta às necessidades de compliance?

RC: A Opensoft disponibiliza no mercado uma aplicação própria de faturação certificada pela AT. Considerando as necessidades da Nickel e a celeridade que o projeto necessitava, a Opensoft integrou a sua aplicação de faturação certificada nos sistemas da Nickel. Deste modo, permite que, de forma automática, as faturas dos serviços prestados por esta instituição de pagamento sejam emitidas e enviadas aos clientes e, no final do mês, seja gerado o ficheiro SAF-T e a Declaração Mensal de Imposto do Selo (DMIS) para envio à AT.

 

Além da área de compliance, que outras soluções a Opensoft poderá fornecer para potenciar a plataforma da Nickel?

RC: Além de tudo o que diz respeito a compliance, a Opensoft poderá apoiar a Nickel na aceleração da sua atividade, com a transformação digital dos seus processos e serviços, incluindo a forma como é prestado o atendimento aos clientes finais da instituição de pagamento.

As tendências dizem-nos que vamos observar uma grande evolução na tecnologia aplicada aos produtos financeiros, o que vai beneficiar tanto as empresas como os clientes individuais. Esta evolução torna difícil prever que outras aplicações poderão ser alavancadas no futuro, mas a garantia de troca de sinergias mantém-se.

Sabemos, no entanto, que os serviços financeiros tradicionais estão a desenvolver novas ofertas e serviços perante os desafios que as fintechs trouxeram. Como exemplo, algumas das grandes instituições financeiras criaram os seus próprios bancos digitais para tentarem dar resposta às novas necessidades do mercado. Esta é uma transição que já está a acontecer e a Nickel tem um papel nesse processo, para o qual queremos continuar a contribuir enquanto parceiro tecnológico avançado no futuro, pelo que a garantia de troca de sinergias mantém-se.

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