“Os Improváveis”: Levar o improviso às empresas

Apresentam-se como um grupo profissional especializado em teatro de improviso. Baseiam a sua actividade na qualidade artística, profissionalismo, originalidade e capacidade criativa espontânea. Eles são “Os Improváveis”.

Por Sandra M. Pinto

O nome nasceu em 2008, quando surgiu a oportunidade de fazer um espectáculo público no Teatro Casa da Comédia, após uma formação realizada com a encenadora holandesa, Sanne Leijenaar. Hoje, os Improváveis contam com três actores a tempo inteiro, formação que assim se apresenta desde 2011, depois de terem participado no FESTLIP, um festival Internacional de Teatro, no Rio de Janeiro, para o qual foram convidados. «Os primeiros anos foram uma fase de intensa formação, experimentação, aprendizagem e de selecção natural de quem queria mesmo levar o projecto a sério», relembra Pedro Borges, que, em conjunto com Marta Borges e Gonçalo Sítima, compõe o elenco deste grupo de improviso.

Estar n’Os Improváveis implicava ter talento artístico, mas também um esforço contínuo grande de produção, gestão e planeamento. «2011 foi um importante ano de transição, pois foi a altura em que decidimos abandonar outros projectos artísticos para nos dedicarmos exclusivamente ao grupo», afirma Pedro Borges. O objectivo estava estabelecido: ser os melhores, os mais formados, os mais conhecedores e competentes improvisadores em Portugal. Para o conseguir era só preciso trabalhar e dar-se a conhecer.

Nessa altura, eram já o primeiro grupo a fazer teatro de improviso de longo-formato e a representar Portugal em festivais na América do Norte, em Chicago, e na América do Sul, no Rio de Janeiro. «Tínhamos feito várias formações nos EUA e procurávamos trabalhar e aprender com os melhores do mundo, actores que nos inspiravam e dominavam a técnica de improviso nos vários formatos. Por isso, passámos várias vezes por Chicago, que é a meca do improviso, e Nova Iorque, e tivemos formação com um sem-número de grandes mestres dos quatro cantos do mundo», recorda Marta Borges, pelo que todo o dinheiro que entrava na companhia era reinvestido em viagens a festivais de improviso e formações no estrangeiro, pois se queriam mesmo ser bons nesta área, não bastava ter casas cheias e público satisfeito com jogos de comédia. «Percebemos que havia um mundo de possibilidades artísticas e comerciais por explorar, pelo que a partir daí começámos a dar cursos de improviso para actores e não actores e a explorar de forma consistente o mercado empresarial.»

Os Improváveis e as empresas

No enfoque dado às empresas, a actividade d’Os Improváveis baseia-se em diferentes vectores, como espectáculos de improviso em eventos, formações em improviso aplicado às empresas, palestras interactivas, apresentação de galas e entregas de prémios, criação de sketches em palco e em vídeo, tudo personalizado em função da realidade do cliente, do seu perfil, público-alvo e briefing. De toda a oferta, a maior procura por parte das empresas são os espectáculos de improviso, pois, como refere Gonçalo Sítima, «procuram algo novo, original, divertido, mas adaptado à sua realidade e ao que está acontecer no momento. As formações também têm bastante procura e são sempre um sucesso.»

A aceitação deste formato pouco usual por parte das empresas tem sido muito positiva. «Ficam felizes porque a taxa de sucesso junto dos participantes é elevadíssima e, especialmente, porque sentem que o produto foi exclusivo e adaptado para eles. Por vezes ainda se lembram de acontecimentos do espectáculo ou da formação, mesmo passados alguns anos, o que nos deixa muito felizes. Gostam da espontaneidade, da interacção cuidada entre actores e o público, o qual acaba sempre por participar, directa ou indirectamente, no resultado final», garante Pedro Borges.

Mas esta aposta por parte das empresas não é desprovida de receios, sendo que o principal assenta no facto de estarem a comprar um conteúdo que desconhecem. «Na verdade, no caso do conteúdo dos espectáculos – guião, personagens, etc. – até nós não sabemos, pois será, genuinamente, improvisado no momento – assegura o actor e co-fundador d’Os Improváveis –, mas aí entra em jogo a nossa reputação, profissionalismo e a capacidade de os descansarmos em relação ao resultado final. Somos muito cuidadosos com o público, com as hierarquias e sabemos onde podemos e não podemos tocar. Não forçamos a comédia gratuitamente, não usamos recursos fáceis com palavreado mais brejeiro ou humor “fácil”. Nas reuniões prévias percebem que não somos só actores malucos, mas somos sim super responsáveis e profissionais, e isso deixa-os descansados. Além disso, quando existem dúvidas, vêm ver-nos em cena no Teatro Villaret e as dúvidas dissipam-se.»

Artigo publicado originalmente na edição de Julho/Agosto da Human Resources.

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