BOE anunciou aumento das taxas de juro: Decisão “deixa antever tempos mais complicados” para as empresas
O Banco da Inglaterra (BoE) anunciou esta quinta-feira o maior aumento nas taxas de juros em mais de 30 anos. O regulador britânico anunciou a subida da taxa em 0,75 pontos percentuais para 3%. As taxas de juros são agora as mais altas desde a crise financeira global em 2008.
“A Comissão de Política Monetária (MPC) do Banco da Inglaterra define a política monetária para cumprir a meta de inflação de 2% e de uma forma que ajude a sustentar o crescimento e o emprego. Na sua reunião que terminou a 2 de novembro de 2022, a comissão votou por maioria de 7 a 2 para aumentar a Taxa Bancária em 0,75 pontos percentuais, para 3%”, refere o Banco de Inglaterra no documento oficial.
Ricardo Evangelista, Diretor Executivo da ActivTrades Europe S.A, explicou à ‘Executive Digest’ que, para os mercados, esta decisão “representa a confirmação do fim dos tempos de grande liquidez e dinheiro barato, que sustentaram os ganhos das ações e outros ativos de maior risco, durante a última década. Para as empresas, o apertar das políticas monetárias deixa antever tempos mais complicados, devido a subida dos custos de financiamento e provavelmente uma queda da receita devido à diminuição da procura”.
Para as próximas reuniões, a perspetiva é ver um BOE “mais comedido no apertar da sua política monetária” apesar de “as previsões até há pouco tempo apontavam para a continuação da subida dos juros até pelo menos aos 5% – ou seja, mais dois porcento de subidas”.
“Depois das declarações de Andrew Bailey, o governador, que deu conta de um cenário muito pouco positivo para a economia Britânica, as expectativas apontam agora para uma pausa na subida dos juros até ao fim do ano. No próximo ano, espera-se que as taxas subam mais 50 pontos base, devendo o valor terminal ficar pelos 3.5%, já que num cenário de recessão a inflação tenderá a cair sem necessidade de restringir a política monetária acima deste nível”, explica o Diretor Executivo da ActivTrades Europe S.A.
Sobre a reação dos mercados, Ricardo Evangelista refere que a maior reação foi da libra, “que de imediato afundou em relação a outras divisas, como o euro e o dólar” porque “apesar da subida dos juros de 75 pontos base, que normalmente seria positiva para a moeda, as perspetivas para a economia britânica são bastante sombrias e este apertar da política monetária irá contribuir para as agravar ainda mais”.