Fed está “na corda bamba”: Banco central “deve continuar a agir com força”, afirma AllianzGI
Depois de o Conselho do Banco Central Europeu ter decidido na semana passada aumentar as três principais taxas de juro em 75 pontos-base, o terceiro grande aumento consecutivo da taxa de política monetária, é a vez da Reserva Federal dos EUA divulgar a decisão de política monetária, após a reunião de dois dias.
Antecipando a decisão, Franck Dixmier, Diretor Global de Investimentos em Obrigações, da Allianz Global Investors (AllianzGI), diz que “a Fed caminha na corda bamba”.
“Em linha com a aceleração da restrição iniciada em junho passado, esperamos uma quarta subida consecutiva de 75 pontos-base (pb) na próxima reunião do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC, da sigla em inglês). As taxas da Fed, atualmente entre 3,00 e 3,25%, devem, assim, passar para o intervalo de 3,75% a 4,00%. A Fed deve continuar a agir rápida e de forma robusta.”
O Diretor Global de Investimentos em Obrigações refere que dados como o Índice base dos Preços das Despesas de Consumo Pessoal, que subiu em setembro para os +5,1% em mais de um ano, e o Índice de Custos do Emprego sobre os custos do trabalho, que aumentou 5% ao longo de um ano no final de setembro, “sugerem que não pode haver complacência por parte da Reserva Federal”.
Franck Dixmier referiu ainda a criação de empregos, que se manteve-se forte em setembro, e o facto de a economia do país se manter resiliente, pois no terceiro trimestre, o produto interno bruto cresceu a uma taxa anualizada de 2,6%, e os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade económica dos EUA, aumentaram 0,6% no mês passado.
“No entanto, esperamos que esta reunião encerre esta série de subidas acentuadas de 75pb em modo quase piloto automático e abra uma nova fase. Acreditamos que os juros manterão a tendência de alta. Mas, à medida que a Fed se for aproximando da sua meta terminal de taxa, deve responder melhor aos dados macroeconómicos em termos da magnitude dos aumentos.”
Relativamente aos mercados, vão estar muito atentos à comunicação do banco central. “Um discurso apercebido como dovish levaria a uma recuperação prematura do mercado, enquanto um discurso demasiado hawkish reacenderia o pavio de uma correção. Contudo, a estabilidade financeira também é uma preocupação para os bancos centrais, como vimos recentemente no Reino Unido. Jerome Powell deve adotar uma atitude extremamente pragmática, deixando todas as opções em aberto”, explica.
“Continuamos a acreditar que há menos risco de a Fed fazer muito do que não fazer o suficiente. As expetativas atuais de uma rotação no segundo trimestre de 2023, com uma taxa terminal próxima dos 5%, e as expetativas de corte de juros no segundo semestre de 2023 não nos parecem refletir o potencial de aumento dos juros no futuro. Acreditamos que estes devem permanecer num patamar elevado por um longo período de tempo”, conclui o especialista.