“Expectativas de subida das taxas do BCE continuam a aumentar e isto deve continuar a apoiar o euro”, diz estratega do Nordea AM

O Banco Central Europeu realiza a reunião de política monetária de outubro esta quinta-feira. Mas qual será o potencial resultado da mesma e quais os obstáculos com que se irá deparar para fazer face à inflação?

Sébastien Galy, Senior Macro Strategist no Nordea Asset Management, diz que é amplamente esperado que o banco central “aumente as taxas de juro em 75 pontos base esta semana”, mas refere que “a questão está agora mais centrada numa taxa terminal, e se o BCE consegue evitar uma recessão grave em pleno choque inflacionário. O BCE aguentou na esperança que as cadeias de abastecimento melhorassem rapidamente. A realidade é que os custos caíram, mas continuam a existir importantes bottlenecks no transporte de mercadorias”.

Como maior problema da atualidade, o estratega refere o choque energético, “à medida que a OPEP reduz a oferta, que por si só já mal acompanhava o ritmo da procura, mesmo com alguns lockdowns na China”, assim como o “subinvestimento em transporte marítimo, energia e commodities”.

“Curvas inflexíveis do lado da oferta significam que os preços subiram muito com o tempo – a inflação apenas cairá significativamente quando a procura arrefecer. Isto acontecerá já com um atraso, à medida que um ajuste das expectativas das famílias e das empresas (que procuram margens de lucro muito elevadas).”

Sébastien Galy refere a batalha da comunicação que o banco central enfrenta: “Isto significa grandes aumentos de taxas que impressionem as « famílias – sendo que, na realidade, não é claro quão elevadas as taxas de juro devem ser. As expectativas de subida das taxas do BCE continuam a aumentar e isto deve continuar a apoiar o euro.”

“Do ponto de vista da comunicação, é importante para o BCE assinalar que, após um ciclo de aperto, haverá uma longa pausa para avaliar o impacto da política, como a Fed está a fazer. Este será um sinal importante para as empresas e para os titulares de hipotecas de que não haverá nenhum aperto brusco à nossa frente”, conclui.

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