Empresas devem “adotar uma estratégia de resiliência” para enfrentar cenário de inflação, diz Presidente Executiva da Altice Portugal
O atual ambiente de inflação a que assistimos pode ser considerado como um “desequilíbrio inesperado” e descontrolado entre a oferta e a procura. Com países a atingirem taxas de inflação de dois dígitos, é necessário perceber o que se pode fazer para chegar a um equilíbrio. A situação da guerra na Ucrânia, que já trouxe tantas perturbações aos mercados, continua também a ser uma incerteza.
Questionada pela ‘Executive Digest’ sobre quais as perspetivas da empresa em Portugal perante o atual cenário, Ana Figueiredo, Presidente Executiva da Altice Portugal, fala no desafio que as empresas têm pela frente e na forma como a Altice Portugal vai continuar a focar-se na inovação e liderança.
“Considero que o verdadeiro desafio do futuro, transversal a todas as organizações, é garantir a sua resiliência estratégica.
Vivemos uma era caracterizada, mais que nunca, pela mudança constante de paradigmas.
As alterações têm origens tão diversas como em pandemias, novas formas de organização do trabalho, questão climática, redesenho do contexto geopolítico, guerra, inflação galopante, recessão económica, disrupção nas cadeias de abastecimento, desafios colocados pela digitalização e envelhecimento das populações, apenas para enumerar as que me parecem mais relevantes.
Por si só, qualquer uma destas circunstâncias levaria à necessidade de implementar planos ambiciosos de análise e gestão do risco inerente.
Para além de assistirmos à concorrência em simultâneo de todas estas alterações, o prazo que as organizações têm para se adaptar é reduzido. Significa isto que há que pensar estratégico, tendo como pano de fundo estas alterações, a caminho de se tornarem estruturais, e porventura outras que se lhes seguirão e das quais podemos ainda não ter a visibilidade desejável.
Pensar estratégico, neste particular, levará necessariamente as organizações a implementar mecanismos que as permitam proteger-se e aos seus negócios das contingências decorrentes.
Não me refiro à capacidade para adaptar a gestão ao risco, mas sim à capacidade para adotar uma estratégia de resiliência. Numa conjuntura que se torna a cada passo mais difícil de controlar, há que ir mais longe por uma questão de sobrevivência.
O desafio que temos pela frente passa por aceitar o risco que o contexto nos traz (contexto em sentido macro) como uma variável permanente na gestão das empresas e, como tal, deve integrar as decisões e o planeamento estratégico nas suas diversas dimensões, e de forma permanente.
Se levarmos em consideração aspetos em que a resiliência é chave, tais como a performance financeira, estruturas e organização do trabalho, digitalização e cibersegurança, e sem esquecer o compromisso com a sustentabilidade, fácil será de concluir que a resposta proativa é que irá determinar quais as organizações em vantagem competitiva nos mercados em que se inserem, e num contexto caracterizado por ‘crises residentes’.
Por último, tornar a organização estruturalmente resiliente, em todas as dimensões, implica uma alteração profunda ao nível da qualificação das equipas de gestão, e dos parâmetros pelos quais o seu mérito é medido.
Rapidez, agilidade, foco, análise, determinação e tomada de decisão são determinantes para fazer face às alterações de paradigma que se nos deparam.
Sobre o contexto inflacionista em concreto, considero que pode acarretar alterações no padrão de comportamentos do cliente, pese embora as telecomunicações, ao nível das classes de consumo individual, não foram as que mais contribuíram para a variação positiva da inflação, em termos homólogos.
Ainda assim, o fenómeno inflacionista e uma eventual recessão em 2023 estão a ser monitorizados pela equipa de gestão da Altice Portugal, com o objetivo não só de mitigar efeitos na estrutura de custos e nas nossas operações, mas também no perfil e comportamento dos nossos clientes. Por outro lado, a conjuntura geopolítica mundial, cuja definição futura é ainda pouco nítida, pode trazer desafios que hoje ainda não vislumbramos o que, todavia, não deve desviar por si só a rota traçada por cada organização.
Preparar a Altice Portugal para dar continuidade à inovação e liderança, resilientes e sustentáveis, consolidando o seu contributo para o impacto positivo no desenvolvimento económico e social do País, é o foco da nossa atuação estratégica.”