Responsável do BCE diz que estão previstos mais aumentos das taxas, mas nenhum tão alto como se assistiu
Um dos membros do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE), Edward Scicluna, revelou esta segunda-feira que apesar de ser certo que o organismo vai continuar a aumentar as taxas, estes aumentos não serão tão elevados como os da semana passada.
Em declarações à ‘CNBC’, o responsável, que também é o Governador do Banco Central de Malta, disse “este não será o único aumento das taxas… vão acontecer mais”, mas que não acha que subidas de 75 pontos base sejam a norma no curto prazo, pois as pressões das principais fontes de inflação, energia e alimentação, vão aliviar.
“Acreditamos que o lado da oferta, ou a fonte desta inflação, vai diminuir, talvez por causa das coisas que estão a acontecer nos EUA e a nível global, e portanto os preços das mercadorias e da energia vão diminuir”, disse.
Por fim, alertou para as limitações dos bancos centrais no combate à inflação, tendo em conta a sua fonte. “A fonte da [nossa] inflação não é a procura como nos EUA, é a oferta (…) e, portanto, os instrumentos de qualquer banco central são muito limitados”, cita o meio de comunicação.
Recorde-se que, na semana passada, o BCE anunciou que decidiu aumentar em 75 pontos base as suas três taxas de juro diretoras, o segundo aumento consecutivo deste ano.
A taxa de juro das principais operações de refinanciamento passa de 0,50% para 1,25%, a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez de 0,75% para 1,50% e a taxa aplicada à facilidade permanente de depósito de 0% para 0,75%. Esta subida tem efeitos a partir de 14 de setembro.
“O Conselho do BCE tomou a decisão de hoje – e espera continuar a aumentar as taxas de juro – porque a inflação permanece demasiado elevada, sendo provável que se mantenha acima do objetivo durante um período prolongado”, refere banco central em comunicado divulgado após a reunião do Conselho de Governadores.
Para além disso, reviu em forte alta as projeções de inflação da Zona Euro para 8,1% este ano e 5,5% em 2023 e cortou as do PIB para 3,1% este ano e 0,9% em 2023. “Após uma retoma no primeiro semestre de 2022, dados recentes apontam para um abrandamento substancial do crescimento económico da área do euro, esperando-se uma estagnação da economia na parte final do ano e no primeiro trimestre de 2023”, assinalou o banco central num comunicado divulgado após a reunião de política monetária.