Jornal espanhol destrói “mito” das rendas acessíveis em Portugal

A entrada em vigor do Programa de Arrendamento Acessível (PAA) em Portugal levou vários meios de comunicação espanhóis a celebrar a medida, como se se tratasse de uma espécie de milagre que viria salvar os cidadãos da bolha imobiliária que o País atravessa. Contudo, o El Mundo alerta para a possibilidade de se tratar de um mito.

Diz o jornal que a ideia veiculada em Espanha de que Portugal impôs uma lei revolucionária que fixa o preço máximo de arrendamento nos 675 euros mensais para a maioria dos imóveis é falsa. “A medida é óptima, mas tem um defeito essencial: não é verdade. Em Portugal, não foi imposto um limite legal ao preço que se pode cobrar pelos arrendamentos. O PAA é uma iniciativa totalmente voluntária que oferece incentivos fiscais aos proprietários que decidem alugar as suas casas a um valor 20% abaixo do mercado”, explica o El Mundo.

“Por não se tratar de uma obrigatoriedade, o impacto do programa no seu primeiro mês foi limitado: apenas 89 imóveis foram inscritos na iniciativa e somente 10 contratos foram celebrados”, salienta o diário.

O El Mundo alerta ainda os leitores espanhóis para o facto de tanto as associações de proprietários como os inquilinos se terem mostrado contra o novo programa do Governo português. “Segundo os mesmos, o programa pouco contribui para o objectivo de dinamizar os arrendamentos no País”.

“Apesar de os proprietários verem com bons olhos os benefícios propostos, acusam o Governo de ser irrealista. O tecto proposto de 600 euros mensais para um estúdio em Lisboa, por exemplo, parece desfasado da realidade – quartos em apartamentos partilhados podem custar o mesmo”, assinala o jornal espanhol.

E acrescenta que, por outro lado, “os inquilinos consideram que os preços propostos são muito elevados em comparação com os ordenados dos portugueses. Tendo em conta que o salário médio ronda os 800 euros, não é suportável um T1 por 900 euros.”

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