Continente: Descarbonizar a sociedade
A MC trabalha com a ambição de democratizar o acesso a uma cesta saudável e sustentável, mobilizando esforços para promover uma cadeia de abastecimento mais responsável e um consumo mais consciente, suportados na riqueza das suas equipas e na singularidade de cada uma das suas pessoas.
Em Setembro de 2020, o Continente estreou-se na mobilidade eléctrica e instalou carregadores eléctricos em Matosinhos. Em que consiste este hub Continente Plug&Charge?
O Plug&Charge é um serviço simples e inovador: os clientes fazem download da app Continente Plug& Charge (e app Cartão Continente) e, em apenas uma hora, é possível carregar até 200 km de autonomia, a partir de 0,01€/minuto. Este é mais um passo para a descarbonização da sociedade, pela promoção da mobilidade eléctrica e porque permite integrar nesta a produção do autoconsumo, oferecendo uma experiência 100% digital, comunicação simples e tarifas competitivas e iguais em todo o território nacional.
Que balanço fazem deste projecto?
É um balanço muito positivo. Desde o início do projecto, em Setembro de 2020, e tendo em conta que a mobilidade dos portugueses esteve condicionada (pelo dever de confinamento durante os picos da crise pandémica), o Continente atingiu já os 110 pontos de carregamento, em 24 lojas e mais de 90 mil utilizações. A rede, com uma média diária de 10 000 km carregados, já permitiu evitar a libertação de 811 toneladas de dióxido de carbono.
O que está previsto para o futuro?
O Continente prevê chegar até ao final de 2025, com 680 pontos de carregamento Plug&Charge para veículos eléctricos, criando uma rede com dispersão nacional e com foco no serviço ao cliente, com comunicação simples e facilidade de utilização, oferecendo a conveniência de carregar o seu veículo eléctrico enquanto realiza compras em loja. O objectivo é criar uma rede com uma distância máxima entre hubs inferior a 100 km. Sempre que possível, todas as novas lojas Continente terão pontos Plug&Charge e centrais fotovoltaicas de autoconsumo, de forma a minimizar a pegada carbónica das lojas. O Continente Plug&Charge tem um forte impacto no vector da sustentabilidade da MC, uma vez que nos permite intervir directamente na pegada carbónica do nosso cliente, contribuindo assim para a neutralidade carbónica das nossas operações.
Como é que os clientes podem adoptar este serviço e como é que ele funciona?
Os clientes fazem download da app Continente Plug&Charge (e app Cartão Continente) e, podem de imediato começar a utilizar o serviço, uma vez que os dados de facturação e de pagamento são automaticamente carregados do Cartão Continente. De seguida, para utilizar o serviço, o cliente apenas se deve deslocar a uma loja Continente, estacionar o seu veículo eléctrico nos lugares Continente Plug&Charge, abrir a app e digitalizar o QR Code do lugar correspondente. Para terminar deve digitalizar novamente o QR Code. De forma automática o serviço é terminado e cobrado através do Continente Pay, sendo a factura recebida no email do cliente um ou dois minutos depois. O serviço é cobrado em minutos, desde o momento em que digitaliza o QR Code para iniciar até que digitaliza novamente o mesmo QR Code para terminar.
Quais foram os factores-chave para que este serviço disruptivo tenha sido bem recebido pelos clientes?
A experiência digital, que permite ao cliente começar a utilizar o serviço de forma rápida e simples, uma vez que apenas necessita de colocar o número de telemóvel associado à app Cartão Continente e todos os dados de pagamento e facturação são carregados automaticamente do Cartão Continente.
A comunicação simples, com tarifas intuitivas e iguais em todas as lojas, permite ao cliente saber o valor a pagar antes da utilização, e receber, no final, a respectiva factura.
O facto de premiarmos os clientes que optem por fazer a viagem à nossa loja num veículo zero emissões foi algo também disruptivo. De forma a promovermos a neutralidade carbónica montámos uma mecânica promocional em tempo real com a compra em loja, que oferece ao cliente o equivalente a 40 km em saldo Cartão Continente, o que significa que o cliente efectua a deslocação às nossas lojas sem qualquer custo, e com o mínino impacto ambiental.
O Continente Plug&Charge é uma das iniciativas de um projecto global lançado há vários anos, com vista à melhoria da eficiência de consumo e sustentabilidade ambiental. Que outras iniciativas destacam?
O Continente Plug&Charge é uma das iniciativas de um projecto global lançado há vários anos pela MC, com vista à melhoria da eficiência de consumo e sustentabilidade ambiental e contribuirá para o compromisso da redução da pegada carbónica assumido no Acordo de Paris. O investimento da MC na eficiência energética como forma de garantir a sustentabilidade a longo prazo dos seus negócios é uma prioridade e vai além dos investimentos incluídos neste projecto específico, como o investimento na abertura de novas lojas, que cumpram os mais elevados padrões de eficiência energética.
A logística pesada associada às nossas operações é responsável por uma parte do nosso consumo de energia. Não havendo, ainda, alternativas tecnológicas que permitam uma redução significativa desta componente da nossa pegada, temos desenvolvido iniciativas que aumentam a eficiência do consumo de combustíveis fósseis.
Em relação ao transporte de mercadorias, a estratégia do Continente nesta matéria passa essencialmente pela maior eficiência das rotas, das cargas e das viaturas, bem como pela transição para tecnologias alternativas, para além do eco-design das embalagens que poderão ter também um impacto positivo nos transportes. A gestão cada vez mais eficiente das rotas, incluindo consolidações de cargas e um melhor aproveitamento da logística inversa, já tem impactos muito positivos na redução da pegada carbónica dos transportes de mercadorias.
Ao nível das viaturas, o Continente, para além de apenas utilizar viaturas com requisitos mínimos de eficiência elevados, tem acompanhado a evolução da tecnologia, prevendo-se uma crescente electrificação da frota de viaturas ligeiras para os circuitos mais curtos, e estando também em fase de testes a utilização de Gás Natural Veicular nas viaturas mais pesadas e que cobrem maiores distâncias.
Como pretendem tornar as cidades inteligentes uma realidade?
No que à energia diz respeito, a MC tem participado em projectos de inovação e desenvolvimento na área das Smart Cities, como é exemplo o POCITYF, onde a loja Continente de Évora integra o PEB (Positive Energy Block) industrial/comercial da cidade – conjunto de edifícios onde se pretende que a energia renovável produzida localmente seja superior ao consumo. É neste contexto que estão a ser desenvolvidas e testadas soluções que permitem uma maior flexibilidade na gestão de energia conduzindo a um aumento da energia autoconsumida – através de soluções de armazenamento térmico, mobilidade eléctrica V2G, sistema de gestão inteligente do edifício, entre outros. Paralelamente, a MC está a trabalhar na criação de Comunidades de Energia Renovável, que permitirá, em diversos locais espalhados pelo país, que parte da produção fotovoltaica das suas lojas seja partilhada com os edifícios envolventes, contribuindo para a redução da sua pegada carbónica.
Tudo isto e a par destas iniciativas, a MC iniciou há alguns anos a digitalização dos seus edifícios, através da sensorização e utilização de software, que permitem a recolha e tratamento de dados com vista à optimização de consumos e partilha de dados com outras entidades e comunidade vizinha.
Quais os grandes desafios da mobilidade eléctrica em Portugal?
A mobilidade eléctrica apresenta alguns desafios ao Sistema Eléctrico Nacional (SEN), pela quantidade de energia consumida e pela disponibilidade de potência necessária. O nosso entendimento é de que os edifícios terão aqui um papel fundamental, uma vez que a integração de serviços de mobilidade eléctrica permite intervir nestes dois pontos.
Por integração, entenda-se, fazer parte do ecossistema do edifício, como o AVAC, Sistemas de Frio, iluminação ou storage. Esta integração permite reduzir os consumos, necessidades e potência instalada, por via da gestão optimizada de todas estas cargas, e ainda na alocação da produção descentralizada das centrais fotovoltaicas no consumo da mobilidade eléctrica, reduzindo a pressão sobre o SEN.
Outro desafio que a mobilidade eléctrica coloca, a par de outros sectores tecnológicos e disruptivos, é o adequado enquadramento regulamentar, devidamente adequado a novos modelos negócio.
A sustentabilidade está no ADN da marca Continente. Quando é que a empresa abraçou a área da sustentabilidade e como foi a evolução desde 1985 até aos dias de hoje?
Fomos a primeira empresa portuguesa de retalho e distribuição a apresentar uma Política de Ambiente em 1998, porque a sustentabilidade está profundamente enraizada no nosso ADN.
A sustentabilidade está no ADN da marca Continente. Exercemos a nossa actividade numa lógica de ecoeficiência, que consolida a eficiência ambiental com a eficiência económica. Neste contexto, o desafio tem passado, e continuará a passar, pela procura constante de novas soluções que respondam às necessidades das pessoas e do planeta.
Na MC trabalhamos com a ambição de democratizar o acesso a uma cesta saudável e sustentável, mobilizando esforços para promover uma cadeia de abastecimento mais responsável e um consumo mais consciente, suportados na riqueza das nossas equipas e na singularidade de cada uma das nossas pessoas.
Esta ambição representa um enorme estímulo para as nossas equipas. Não só pelo desafio que está subjacente ao desenvolvimento de uma oferta alargada, distintiva e inovadora, de elevada qualidade a preços competitivos, mas também porque fazê-lo pressupõe desafiar o status quo, inovar e assumir um papel activo na transformação do sistema alimentar. Uma mudança essencial para que se possa cumprir a agenda do desenvolvimento sustentável.
Destacamos o investimento no recente armazém do polo logístico da Azambuja onde instalámos a maior central fotovoltaica para autoconsumo de energia eléctrica do país. Com 20 000 m2 de área, esta é uma das maiores centrais de autoconsumo em cobertura na Península Ibérica, que irá permitir reduzir o consumo previsto em 30% e evitar 1880 toneladas/ano de CO2, o equivalente a mais de 84 mil árvores plantadas.
Para além da instalação de centrais fotovoltaicas para autoconsumo em loja, instalaram-se equipamentos mais eficientes, em termos de produção de frio, iluminação e climatização. Para o sucesso da nossa estratégia é fundamental uma melhor monitorização e gestão dos consumos, potenciando os investimentos realizados, através de auditorias às instalações e do nosso Sistema de Informação Ambiental (SIA). Esta ferramenta permite a redução do risco legal e a melhoria contínua do desempenho ambiental das instalações. Por seu turno, a plataforma “Checkwatts” permite a monitorização, por telemetria, dos consumos por loja, a cada 15 minutos.
Nesse sentido, ao nível da mobilidade eléctrica/transição energética/ smart cities, quais os principais desafios para o Continente?
A MC está completamente alinhada e empenhada em atingir a neutralidade carbónica (operações 100% livres de carbono) nas próximas duas décadas, antecipando em 10 anos a meta da UE (2050). Há um plano complexo em prática para alcançar essa mudança, que inclui o recurso a energias renováveis, em todas as operações (desde os entrepostos às lojas), entre outras iniciativas como a electrificação das frotas.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Mobilidade Urbana / Smart Cities”, publicado na edição de Junho (n.º 195) da Executive Digest.