Próxima semana à lupa: Dos mercados à economia – e outras coisas que precisa de saber
A Fed teve uma postura muito mais agressiva e confessou abertamente que estaria disposta a levar a economia para uma recessão a fim de controlar a inflação. Os mercados financeiros reagiram mal, quando foram publicadas as primeiras pistas duma eventual subida de 75 pb pelo WSJ na véspera da reunião. O mercado de ações recuperou um pouco no dia da reunião da FOMC, apenas para continuar em sell-off no dia seguinte. Desde o dia antes da publicação do número do CPI, a 10 de Junho, o S&P500 desceu cerca de 8,5% e estabeleceu novos mínimos anuais. As yields dos EUA a dez anos aumentaram mais de 30 pb, no mesmo período, e a volatilidade intradiária foi maciça, com mais de 20 pb entre os máximos e os mínimos.
Acreditamos que levará tempo até que a inflação desça para níveis mais sustentáveis e, por conseguinte, haverá necessidade de um maior aperto da política monetária com outra subida de 75 pb no próximo mês, seguida de duas subidas de 50 pb e depois uma série de subidas de 25 pb até que a taxa da Fed se situe um pouco acima dos 4%. A redução do balanço da FED irá impedir que a curva se inverta.
A economia europeia não é tão robusta como a americana, e embora a inflação elevada seja um problema tão grande para o BCE, como para a FED, há menos espaço para aumentar as taxas. Por conseguinte, esperamos que o atual ciclo de aumento de taxas termine bem abaixo do dos EUA. Com as taxas dos EUA a ultrapassarem as europeias, há pouca resistência a um maior fortalecimento do dólar. Esperamos que o EUR/USD atinja a paridade antes do final do ano.
A semana que vem
A semana que vem apresenta vários dados para os serviços e manufatura da zona euro e dos EUA (quinta-feira). Além disso, iremos prestar uma atenção especial à reunião sobre taxas de juro na Noruega (quinta-feira), República Checa (quarta-feira), e Turquia (quinta-feira).
Na zona euro, os números do PMI mostrarão que os custos mais elevados estão a prejudicar a indústria transformadora cíclica. Os preços da energia continuam a subir incessantemente e a indústria na zona euro é altamente vulnerável. Do mesmo modo, a inflação elevada está a enfraquecer o consumidor na zona euro, que começa a dar sinais em termos de procura. A fraqueza da indústria transformadora reflete, no entanto, uma retoma nos serviços, uma vez que os consumidores fazem uma rotação das suas despesas para os serviços e afastam-se dos bens – visto que a economia continua a reabrir. É também por esta razão que, esperamos que o sector dos serviços se mantenha robusto, apesar dos ventos económicos contrários.
No que respeita às reuniões dos Bancos Centrais, esperamos que o Norges Bank aumente a sua taxa em 25 bp em Junho e assinale que, a próxima subida da taxa de juro ocorrerá na reunião de Agosto. Vemos a nova trajetória de taxas a sinalizar com uma probabilidade elevada mais quatro subidas após Junho até ao final de 2022.Há muitos fatores externos e internos que sustentam a nossa expectativa de uma trajetória de taxas mais elevadas.
Olhando para fora da Noruega, vemos taxas de juro, substancialmente, mais elevadas no estrangeiro o que, contribuiu para um NOK mais fraco, enquanto que os preços do petróleo subiram geralmente. A nível interno, a atividade económica é forte, como evidenciado nos relatórios regionais, o que diminuiu a taxa de desemprego, e aumenta a inflação e os salários (pressões inflacionistas subjacentes). Finalmente, o mercado imobiliário permanece muito forte e os prémios NIBOR são inferiores aos previstos pelo Norges Bank em Março.
Nuno Mello
Analista XTB