Liderança multigeracional deve ser centrada nas pessoas. Baby boomers, X, Y e Z trabalham hoje lado a lado
O mercado de trabalho atual compõe-se por quatro gerações extremamente diferentes em simultâneo, com equipas que reúnem elementos dessas gerações distintas em expectativas: baby boomers, X, Y e Z.
De acordo com a Adecco, trata-se de um cenário de desafio para os atuais líderes e responsáveis organizacionais que tornam obsoletos os modelos de trabalho e progressão na carreira padronizados e verticalizados.
“O futuro depende da habilidade dos líderes e gestores de equipas compreenderem este novo paradigma e desenharem políticas de carreira à medida, onde o foco é a singularidade de cada indivíduo”, comentou Carla Rebelo, CEO da Adecco Portugal.
A Adecco Training levou a discussão o tema da liderança multigeracional na última recente edição do ‘Shall we talk about’.
Num comunicado enviado à comunicação social, a consultora sublinha que, mais do que a idade, o que define as gerações são as características de cada uma, os contextos sociais e culturais em que cresceram e que, tendencialmente, têm um tipo de modelo mental que se reflete em ambiente de trabalho em função dos seus valores e experiências, considerando que o próprio líder também pertence a uma determinada geração.
Nas palavras de Carla Rebelo, “é importante que os líderes estejam preparados para essa realidade, pois irão orientar profissionais com expetativas distintas do mercado de trabalho e avaliam a todo o momento os atributos do líder que são percebidos pelas equipas”, considerando que “nunca foi tão claro como agora que ‘one size doesn’t fit all’” num mundo onde fomos formatados para tornar eficiente uma determinada organização ou sistema, este convívio multigeracional no mundo do trabalho, evidencia que o futuro depende da nossa habilidade, enquanto líderes e gestores de equipas, de perceber que este fenómeno é uma mudança enorme relativamente a estes paradigmas”, continuou.
De acordo com a Adecco, assim, a gestão dos líderes deverá ser people centric, baseada numa profunda humanização dos processos, sendo a personalização é um fator de sucesso na nova liderança multigeracional, provocando nos líderes a necessidade de reconhecer o talento onde a pessoa se sente mais empoderada e traz valor acrescentado à equipa, aos seus projetos e à organização.
Todos temos de ser líderes?
Carla Rebelo questionou “que tipo de líderes estamos a preparar, porque nem todas as pessoas têm essa capacidade. As gerações vieram evidenciar isso. O líder de hoje tem que ter competências mais sofisticadas e refinadas. A progressão na carreira verticalizada pode trazer para a liderança verdadeiros desastres”.
Segundo a CEO da Adecco Portugal, entre as soft skills necessárias encontram-se a empatia, a capacidade de escuta ativa e feedback diferenciado, apontando caminhos para treinar competências passíveis de capacitar os mais novos na construção das suas experiências, capacidade de comunicação persuasiva para galvanizar as pessoas, o autoconhecimento e a humildade para ouvir e integrar novas soluções de trabalho.
“Antes de mais somos seres humanos, portanto sem proximidade não pode haver prática da empatia, comunicação eficaz. Como líderes, temos que ter a postura de acompanhamento técnico próximo constante, de forma construtiva e genuinamente centrada nas emoções. Não é combater as emoções dos profissionais, mas perceber como gerar uma emoção positiva que se reflete no trabalho”, explicou.
As quatro gerações
– Baby boomers (1946-1964) – “Nascidos no período pós-guerra, esta geração cresceu com um forte desejo de se destacar profissionalmente. Assim, tornaram-se a geração “workaholic”. O baby boomer tornou-se jovem e adulto num período em que sucesso era sinónimo de desenvolver uma carreira inteira dentro da mesma organização. Não sendo particularmente ágeis com a tecnologias, adaptaram-se e reconhecem o papel de suporte à produtividade”.
– Geração X (1965-1980) – “A geração X busca uma vida profissional saudável e equilibrada. São menos ambiciosos que qualquer outra geração, mas estão entre a maioria dos líderes no ativo. Além disso, lutam por direitos humanos, buscam dignidade e liberdade e têm grande preocupação em combater a corrupção”.
– Geração Y ou millennials (1981-1996) – “São altamente motivados pelo desenvolvimento pessoal e profissional, portanto exigem feedbacks constantes de seus gestores. Quando sentem que as suas necessidades não são atendidas, não temem em procurar novas oportunidades. Procuram um propósito no trabalho, sendo uma prioridade ainda maior do que o salário”.
– Geração Z (1997-2010) – “Os nativos digitais ainda estão a chegar ao mercado de trabalho. Devido ao contexto tecnológico em que nasceram e se desenvolveram, é uma geração hipercognitiva, que não tem dificuldade em integrar experiências online e offline e sabe lidar com o excesso de informações e fontes. Valorizam a expressão individual, evitam rótulos, mobilizam-se a favor de grandes causas e acreditam que o diálogo é a forma mais eficaz de se resolver conflitos e melhorar o mundo”.