Explicador: O que falta para subirem as taxas de juro? BCE está a cumprir as regras?
O Banco Central Europeu (BCE) apresentou no verão, no contexto da revisão estratégica da instituição, três condições indispensáveis que a inflação deve cumprir para facilitar a subida das taxas de juro.
Para explicar a dinâmica deste mecanismo de três frentes para controlar a subida das taxas de juro, o ‘El Economista’ estabeleceu uma comparação com as três leis de Isaac Newton.
Partindo dessa analogia, o BCE criou as suas três leis da mecânica da inflação, que, se cumpridas, irão permitir ao organismo aumentar a cotação do euro.
Esta semana, o governador do Banco da Espanha Pablo Hernández de Cos, referiu que nenhuma das três condições foi cumprida, em declarações prestadas durante a Convenção Anual da Associação dos Mercados Financeiros.
De acordo com o jornal espanhol, um conjunto de fatores evidentes começam a apoiar a projeção do BCE: o preço das matérias-primas começou a corrigir-se ligeiramente depois de ter atingido máximos históricos, bem como o dos transportes.
Os três princípios
O primeiro diz respeito ao nível que a inflação deve atingir antes que possa ser proposto um aumento das taxas de juro, “algo que para já ainda não está em cima da mesa, até que a inflação bata nos 2%”.
Esse cenário irá durar até 2023, segundo as projeções macroeconómicas do banco central. Dado que o BCE espera uma inflação média de 1,7% em 2022, confirma-se que a condição não é atendida.
A segunda condição é que a inflação chegue aos 2% de forma “duradoura para o futuro”, de forma a que o BCE garanta que a inflação permanece quase permanentemente dentro moldura estabelecida.
Ainda falta para que o BCE cumpra por inteiro esta regra macroeconómica, já que o swap de inflação de 5 a 5 anos está fixado nos 1,93 %, à beira do objetivo de 2% do BCE.
O terceiro princípio condiciona a subida das taxas a que “a evolução do núcleo da inflação seja suficientemente alta, para ser consistente com a estabilização da inflação em 2% no médio prazo”.
Neste caso, o BCE refere-se ao cabaz de preços que não inclui os elementos mais voláteis (energia e alimentos frescos, em geral). Esse índice atingiu uma taxa de crescimento de 2% ao ano em dezembro, a maior desde 2008.