Randstad Insight: Por mares nunca dantes navegados

Por José Miguel Leonardo | CEO Randstad Portugal

A inconfundível sensação de ser o primeiro, de estar mais perto da meta, de ver mais além do que quem nos segue. De olhar para a frente sem nunca se deixar ser ultrapassado, ao mesmo tempo que se é seguido, copiado. . .

Este paradoxo entre a adrenalina do primeiro lugar e a responsabilidade de fixar o standard, de dar o exemplo, de garantir que não só chegamos primeiro, que fazemos bem, mas mais ainda que outros nos seguem. Mesmo que estes outros se aproximem mais de nós ou fiquem num espaço que em tempos foi apenas nosso.

A liderança das empresas no seu sector de actuação tem esta responsabilidade. A capacidade de ver depois da linha do horizonte e antecipar, mas ao mesmo tempo garantir que quem nos segue contribui para o crescimento e desenvolvimento do nosso mercado. Não ser influenciador da Economia ou ter produtos e serviços que não são copiados, deve levantar dúvidas da necessidade dos mesmos e da razão de existirem.

E não é fácil. Porque começamos do princípio. Porque quando inovamos no mercado e por inovar não quer dizer algo novo, pode ser uma importação de conceitos ou um serviço, mas que agregado ainda não estava disponível. Podia dar exemplos paradigmáticos como o da Uber que junta tecnologias existentes e que conseguiu prestar um serviço novo e disruptivo, mas posso também dar exemplos que não são tecnológicos e que mostram essa antecipação.

Em 2015 fomos, na altura, com uma jornalista do Diário Económico a Bruxelas para o nosso evento global do Randstad Awards. Uma iniciativa desconhecida em Portugal mas que já acontecia em mais de 20 países da Randstad e que procura conhecer qual a percepção da população activa de cada país sobre os principais empregadores. A sala estava cheia e com diferentes convidados e oradores que reforçavam a importância do employer brand para a sua estratégia de negócio. A jornalista entrevistou o director de Recursos Humanos global da Microsoft (empresa que ganhou o primeiro lugar nesse ano) e estava muito focada no conceito de employer branding e porque é que era importante para a empresa e como se relacionava com a marca de consumo. Insistia em conceitos e parecia quase estranhar a relevância e a dimensão daquele evento. No ano seguinte fizemos pela primeira vez o estudo em Portugal com uma gala de apresentação dos resultados e vencedores. O nosso desafio foi explicar o conceito, demonstrar a importância do tema e partilhar as melhores práticas. O tema era muito pouco conhecido, havia excepções, mas tratava-se sem dúvida de um novo conceito…

A 4 de Abril de 2019 vamos fazer a quarta edição do Randstad Employer Brand Research e hoje, na lista de convidados, cresce em número a função de employer branding. Já não explicamos o conceito e vemos cada vez mais estudos, análises e oradores sobre este tema. Lisboa vai inclusivamente este ano receber a conferência internacional de employer branding, com um dos principais entusiastas. Em menos de quatro anos deixámos de estar sozinhos neste tema e vimos concorrentes e outros players aparecerem e não podíamos estar mais felizes com isso. Uma vez mais soubemos assumir a nossa posição de liderança e trazer e influenciar não só o nosso sector mas também o nosso País. Demonstrar a importância da identidade das marcas enquanto empregadoras na sua estratégia de atracção e retenção de talento. Antecipar que o mercado seria cada vez mais talent driven e não um cardápio de competências elencadas num anúncio em que a empresa diz o que quer, sem demonstrar qual a sua proposta de valor.

Nos últimos anos partilhámos mais de 150 reports de empresas, em que mostramos a cada uma como são percepcionadas, o que move os profissionais em Portugal e como estas se posicionam face à concorrência mas, também, do tipo de profissionais que procuram. Demos-lhes um instrumento de orientação. Sentámos à mesa entidades públicas e privadas, testemunhos de talentos de diferentes gerações para que as nossas empresas sejam mais competitivas e sensíveis ao employer branding e de como este se relaciona com a sua estratégia. Os nossos conteúdos são também parte do primeiro livro sobre employer branding escrito em Portugal.

Ser o primeiro é um orgulho. E se celebramos o sucesso não deixamos de continuar a olhar mais à frente. Acreditamos que é esta responsabilidade e sentido de missão que nos leva a ter soluções claramente inovadoras na área dos Recursos Humanos e que está a mudar a forma como as empresas se relacionam com os seus talentos.

Demonstramos todos os dias que ser número um é essa combinação entre o hoje, amanhã e depois de amanhã. Sem pretensão de ser monopolista e reconhecendo que a competitividade do mercado exige ainda que sejamos melhores. Trazendo e desbravando o mercado, sofrendo (mais) dores porque somos nós que atravessamos mares nunca dantes navegados. Mas é também neste misto de emoções, entre a dor da transformação e a celebração, que temos um brilho nos olhos, o brilho de quem chega primeiro e de quem vê os seguidores. A cópia é a confirmação de que estamos no caminho certo e é um incentivo a não pararmos e fazermos sempre melhor.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 156 de Março de 2019.

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