As Reformas, o Crescimento e a Produtividade
Por Ricardo Florêncio
ricardo.florencio@multipublicacoes.pt
Nos últimos dois questionários do barómetro Executive Digest, perguntámos ao nosso painel quais as principais reformas que são necessárias em Portugal
As respostas, apresentadas, e comentadas, na edição de Fevereiro da Executive Digest, e agora nesta edição de Março (mais detalhadas), não são surpreendentes pois são comummente aceites como as áreas onde Portugal precisa de reformas. Contudo, o que é surpreendente é essas respostas não serem de todo novidade. Porventura as mesmas questões lançadas há 10/15 anos, talvez fossem respondidas do mesmo modo. E isso demonstra, que apesar de vários projectos, ainda estamos longe das nossas necessidades. E o mesmo acontece em relação ao crescimento. Em 2017 registámos o maior deste século, o que é de nos congratularmos. Porém, continuamos a crescer mas com um ritmo mais baixo que a maioria dos países da UE (já para não falar de outros mercados). Se em 2003 estávamos no 16.º lugar no ranking do PIB Per Capita da EU, para 2018, e mantendo-se as perspectivas apresentadas passaremos para o 21.º lugar desse mesmo ranking. Mais do que diagnósticos, temos é que dar início aos trabalhos e reformas necessárias que nos permita sair da cauda deste pelotão.
E se há índice onde temos mesmo de crescer, é na produtividade. Apesar de algumas mudanças, continuamos a cometer os mesmos erros e a apresentar índices de produtividade muito abaixo de outros países. Podemos continuar a discutir o aumento de 10 euros no salário mínimo (e que para muitas famílias é mesmo muito importante), ou um par de horas de trabalho por semana, mas não é por aí que devíamos enveredar e investir. Devíamos era tentar perceber, e não fingir que percebemos, por que outros países têm salários mais altos, e por que têm economias mais pujantes, quando nós, aqui, temos todas as condições para ombrear com eles.
Editorial publicado na revista Executive Digest n.º 144 de Março de 2018