Jeff Guyton: “A Mazda não precisa de Plug-in híbridos na Europa”
Num ano que se reveste de grande importância para a Mazda, que promove a quase total renovação da sua gama de modelos em 2015, a estratégia a curto prazo da marca de Hiroshima para o Velho Continente não prevê o surgimento de modelos com tecnologias híbrida ou Plug-in híbrida, estando igualmente afastado o conceito de downsizing do caminho imediato da marca.
Em declarações prestadas à Automonitor à margem da primeira das três conferências que a Mazda organiza em Barcelona, Jeff Guyton, presidente e CEO da Mazda Motor Europe, mostrou-se confiante na validade da estratégia escolhida pelo construtor nipónico para o mercado europeu no que diz respeito às motorizações.
“Não vamos apostar nos híbridos e nos Plug-in. Fizemos uma escolha deliberada: a nossa estratégia para a Europa passa pela gasolina e pelo Diesel ‘limpo’. A tecnologia híbrida nunca fez parte do nosso plano para a Europa e não esperamos precisar de modelos Plug-in para atinguir a meta dos 95 g/km de CO2 de emissões em 2020. A marca não precisa de Plug-in híbridos na Europa”, indicou de forma taxativa o responsável máximo da Mazda no continente europeu.
Também o caminho do downsizing, muito em voga na Europa, não se reveste de especial interesse para a Mazda, com Guyton a deixar bem clara a sua opinião de que um motor de maior cilindrada, em termos de utilização, tem tantos ou mais benefícios que um motor de cilindrada mais reduzida.
“O downsizing não está nos nossos planos. O que queremos é ter os motores que consideramos adequados para a gama independentemente da cilindrada. Defendemos que conseguimos ter mais vantagens com motores de cilindrada maior”, enalteceu Guyton, para quem o princípio SkyActiv (menos peso, maior eficiência e mais prazer de condução) é para continuar.
Por outro lado, olhando para a actual situação de mercado, o responsável natural do Ohio, nos EUA, acredita que os “SUV vão continuar a estar na moda”, destacando da sua parte o lançamento iminente do CX-3, cujo sucesso comercial na Austrália e Japão “está a exceder as expectativas”.
Aliar SkyActiv e motores Wankel
Para os adeptos dos desportivos rotativos (Wankel) da marca nipónica, os RX-7 e RX-8 deixaram saudades, tendo surgido recentemente relatos de que uma equipa da engenheiros da marca estaria a trabalhar em Hiroshima num potencial sucessor. Contudo, embora Guyton não descarte a priori a ideia de um novo desportivo, garante que o foco dessa pesquisa não se centra primariamente no desenvolvimento de um sucessor para o RX-8, mas sim em novas soluções tecnológicas.
“Existe um grupo de engenheiros em Hiroshima que está encarregue de estudar a aplicação da tecnologia SkyActiv nos motores rotativos, que poderia trazer inúmeras vantagens. O resultado dessas pesquisas tanto pode ser aplicado a um novo modelo desportivo como a um modelo compacto”, refere o responsável máximo da Mazda na Europa. Interrogado sobre a viabilidade de um novo projecto com a sigla RX, Guyton deixa escapar que “é possível, mas tem que ser um caso para ser estudado”.
Olhar sobre parcerias
Em resposta aos recentes artigos que apontavam para a possibilidade de aprofundamento da parceria entre a Mazda e a Toyota, Jeff Guyton fechou-se ‘em copas’.
“No Japão tivemos uma colaboração com a Toyota nos híbridos para o mercado local e, no México, vamos produzir modelos da Toyota na nossa fábrica. [Mas] não estou ao corrente de quaisquer planos adicionais que possa anunciar. Tudo o que posso dizer é que nessas duas áreas já colaboramos, por isso, notícias de colaboração doutra espécie são, por agora, especulação…”, referiu o norte-americano.
Outra parceria, garantida e assumida, está em em vigor com o grupo Fiat, tendo por objectivo a produção de um pequeno roadster para a companhia italiana com base no MX-5. Com o modelo da marca nipónica quase pronto para o seu lançamento na Europa – chega em Setembro a Portugal –, pouco se sabe da versão italiana.
Sobre esta parceria, Guyton reforçou que a mesma está em vigor e que o modelo do grupo Fiat terá construção na fábrica de Hiroshima, na mesma onde o MX-5 é produzido: “Nós vamos construir o carro para o grupo Fiat, usando o chassis da Mazda. Eles vão desenhar a carroçaria e vão fornecer os seus próprios motores, ao passo que nós providenciamos o chassis e a montagem final”, explica.
Em termos globais, Guyton olha com ambição para os próximos anos, enaltecendo que “em termos globais, acabámos o ano passado com 1.4 milhões em termos de vendas e esperamos ter este ano 1.5 milhões, pelo que 2015 será um ano de crescimento significativo para a Mazda”. Na base desse optimismo está o lançamento de seis novos produtos (ou fortemente renovados) este ano.