Renault defende sistema de ‘uma acção, um voto’ contra governo francês
A Renault não está disposta a retroceder na sua intenção de rejeitar o sistema de voto duplo, mantendo assim o seu diferendo com o governo francês, cujo aumento da participação na companhia no último mês tem por objectivo garantir que a Resolução 12 (de rejeição do sistema de voto duplo) não será aprovada. O Estado francês procura manter uma posição de relevo na Renault e o incremento dos seus direitos de voto no início de Abril de 15% para 28,8% teve como único propósito garantir que manterá o seu direito de duplo voto, algo que a lei daquele país concede aos accionistas de longo-prazo numa companhia. Após a reunião de hoje, o governo deverá reverter novamente a sua participação para níveis semelhantes aos anteriores. Contudo, através de um comunicado emitido hoje, a Renault reiterou a sua posição de rejeição ao sistema de duplo voto procurado pelo governo. “Antes do Conselho Geral de 30 de Abril de 2015, o conselho de administração do grupo Renault deseja reiterar as razões para que a chamada Resolução 12 para rejeitar o sistema de direito de duplo voto na Renault e manter o princípio de ‘uma acção, um voto’ como previsto pela ‘Lei Florange’ da legislação francesa”, começa por dizer o referido comunicado, que depois apresenta seis pontos argumentativos. No primeiro, enaltece que a “situação da Renault no que ao sistema de votos diz respeito é muito específica”, lembrando que na Aliança Renault-Nissan seria desproporcional a lei do duplo voto na medida em que a Nissan, que detém 15% das acções da Renault, não tem qualquer poder de votação, que “só foi possível manter ao longo de quase 15 anos graças à relação próxima de confiança entre os parceiros na Aliança Renault-Nissan”. Assim, para a direcção da Renault, a introdução do direito de duplo voto apenas serviria para acentuar essa desproporção, na medida em que o governo ficaria com 28% e a Nissan continuaria sem direito de voto, enaltecendo que também outras parceiras, como a Daimler, já revelaram a sua preocupação com esta possível desestabilização do equilíbrio existente na aliança. “Por larga maioria, a administração decidiu assim que existem razões convincentes para a Renault utilizar a opção oferecida pela Lei Florange para situações específicas. Os accionistas da companhia podem decidir não aplicar o direito de voto duplo e manter o actual sistema por uma maioria de dois terços. A Resolução 12 está a ser proposta para este efeito”, garante o comunicado da Renault, que reconhece a elevada probabilidade de ser chumbada graças ao peso acrescido que o governo local ganhou no mês de Abril. Já se sabe, contudo, que o ministro da Economia francês, Emmanuel Macron, também não abdicará da proposta de beneficiar de sistema de duplo voto de forma a manter um elevado peso decisório na companhia francesa, uma das mais importantes daquele país.]]>