Google pede desculpa por ataque a comissário europeu. Breton diz que a internet não é o Velho Oeste
Um documento da Google em que a tecnológica apresenta a estratégia para lidar com a pressão vinda da União Europeia tornou-se público esta quinta-feira, mas sem que a empresa tivesse essa intenção. Nele, surge um plano com a duração de dois meses no sentido de eliminar restrições que a Google descreve como nada razoáveis.
Além de uma abordagem mais geral, o documento destaca Thiery Breton, comissário da União Europeia com a pasta do Mercado Interno. Segundo o Financial Times, a Google propõe atacar o comissário, de modo a enfraquecer o apoio que reúne em Bruxelas.
Sundar Pichai, CEO da Google, garante que o documento nunca passou pelas suas mãos e já pediu desculpa. Fontes citadas pela mesma publicação indicam que o líder da tecnológica norte-americana não aprovou o documento em questão e que prometeu que tácticas como aquelas que são sugeridas não se coadunam com a forma como a Google opera.
Porém, Thierry Breton poderá não ter ficado totalmente convencido. Em resposta a Sundar Pichai, afirmou que este é já um assunto com um século: tentar “enterrar” o regulador, justificando as acções com a possibilidade de as novas regras destruírem a aliança transatlântica.
Para tentar amenizar a situação, o CEO da Google garantiu que tratará deste tema directamente com o comissário europeu e prometeu transparência.
Thierry Breton irá divulgar novas regras para as empresas tecnológicas no dia 2 de Dezembro, num anúncio conjunto com Margrethe Vestager, comissária europeia para a Concorrência. Segundo a Reuters, o Digital Services Act e o Digital Markets Act serão como listas com tudo aquilo que se pode ou não fazer. Está prevista, por exemplo, a obrigatoriedade de partilha de dados com empresas rivais e com os reguladores.
«A internet não pode continuar o Velho Oeste: temos de ter regras claras e transparentes, um ambiente previsível e direitos e obrigações equilibrados», disse ainda Thierry Breton na sua reunião com Sundar Pichai.
«Tudo aquilo que é permitido offline deve ser autorizado online. E tudo aquilo que é proibido offline deve ser banido online. (…) A posição da Europa é clara: todos são bem-vindos no nosso continente – desde que respeitem as nossas regras», acrescentou o comissário europeu.