EDP: Novo paradigma no mundo da energia

Enquanto Operadora da Rede de Distribuição de eletricidade, a E-REDES é um agente activo no apoio à transição energética e à descarbonização do consumo de energia, condições essenciais para o desenvolvimento de cidades inteligentes. Ao apostar nas redes inteligentes, isto é, infraestruturas do sistema eléctrico, ligadas entre si, dotadas de um conjunto de funcionalidades que possibilitam a sua gestão de forma ainda mais eficiente, com claros benefícios para todos os stakeholders, a E-REDES está a promover a sustentabilidade ambiental, através da melhoria da eficiência energética, da preparação da rede para o aumento da penetração de energias renováveis, de novas formas de armazenamento de energia, do incremento do veículo eléctrico e da maior participação dos utilizadores da rede como potenciais fornecedores de serviços de flexibilidade.

«Ciente desta importância, a E-REDES tem vindo a investir nesta área, tendo já uma ampla infraestrutura digital de supervisão e controlo da rede, que, entre outros elementos, integra todas as subestações de distribuição, mais de 7 mil pontos de telecomando, cerca de 20 mil postos de transformação monitorizados, a medição remota do consumo de todos os clientes empresariais e iluminação pública, bem como Equipamentos de Medição Inteligente (EMI) em mais de 3,5 milhões de instalações de consumo. A utilização de EMI, sobretudo quando devidamente integrados num ecossistema de redes inteligentes, trazem benefícios inequívocos para o consumidor e para o sistema eléctrico, sendo hoje uma tendência internacional incontornável e essencial para viabilizar a transição energética», explica fonte oficial da E-REDES à Executive Digest.

Além da E-REDES, também a EDP NEW – centro de I&D do Grupo EDP, especializado em atividades de inovação aplicada ao setor da energia – tem vindo a dedicar-se à área das cidades inteligentes, nomeadamente através de dois projetos europeus: o POCITYF e o SPARCS. O tema central destes projetos, assim como o da COST ACTION onde a EDP NEW é também parte constituinte, é um conceito que a Comissão Europeia tem promovido nos últimos nos, de forma a estimular a inovação urbana: os Positive Energy Blocks – áreas geograficamente delimitadas com uma produção local renovável superior ao consumo, em termos de média anual.

«Os projetos mencionados, correspondendo a um orçamento de cerca de 1.5M€ para a EDP NEW, enquadram-se numa das cinco áreas técnicas do centro, denominada Positive Energy Communities. As cidades inteligentes são uma das pedras basilares da área, que se encontra a desenvolver abordagens integradas com intuito de tornar as cidades mais sustentáveis, explorando a integração de soluções inovadoras em tecidos urbanos complexos, assim como o estudo de modelos de negócio que fomentem a sua futura replicação e escalabilidade. Os outros vetores orientadores da área, eles próprios peças indispensáveis da cidade inteligente do futuro, são os edifícios inteligentes (com o utilizador no centro das decisões, estimulando a eficiência e o conforto via a automatização e sensorização dos edifícios) e as Comunidades de Energia Renovável», acrescenta fonte oficial da EDP à Executive Digest.

PROJECTOS

A E-REDES testa assim dois projectos: o InovGrid 2030 e o Sharing Cities. O projecto Sharing Cities, financiado pelo programa quadro H2020, da União Europeia, iniciado em Janeiro de 2021 e com conclusão prevista para Dezembro de 2021, visa a partilha de soluções energéticas integradas e assenta em quatro objectivos: Potenciar o desenvolvimento do mercado de soluções para as cidades inteligentes na Europa, que possam ser integradas em ambientes urbanos complexos e que sejam baseadas em necessidades comuns; Adoptar uma primeira aproximação digital, promovendo a integração das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), tornando a estrutura existente mais eficiente, bem como a criação e funcionamento de serviços associados à eficiência energética, como por exemplo a facilitação da mobilidade eléctrica; Acelerar o mercado de soluções por forma a desenvolver e testar novos modelos de negócio, investimentos e modelos de governação, que são essenciais para a agregação e replicação (através da colaboração) em diferentes cidades; Partilhar e colaborar em prol da sociedade, como forma de responder ao interesse crescente no envolvimento e participação dos cidadãos, melhorando a capacidade do poder político e dos Municípios na elaboração de políticas e prestação de serviços através do desenho colaborativo de soluções.

Já o Sharing Cities é liderado por três cidades: Lisboa, Londres e Milão e pretende testar novas abordagens e ferramentas, que visam a criação e o desenvolvimento de soluções para cidades mais inteligentes. Em Lisboa, é implementado por um consórcio constituído pela E-REDES (antiga EDP Distribuição), Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa E-Nova, Instituto Superior Técnico, Reabilita, CEiiA, Altice Labs e EMEL.

A União Europeia distinguiu este projecto europeu e alguns parceiros do seu Consórcio, no âmbito do “Innovation Radar”, uma iniciativa singular, lançada em 2018, que pretende identificar projectos inovadores com elevado potencial, associados a projectos financiados pela Europa. O “Innovation Radar” identificou como factor de inovação do projeto Sharing Cities duas das medidas do projecto: o Sustainable Energy Management System e a Reabilitação do edifício dos Paços do Concelho de Lisboa.

Outro projecto de renome é o InovGrid 2030. Lançado em dezembro de 2019 pela então EDP Distribuição, atual E-REDES, o programa InovGrid 2030 pretende responder aos desafios que a transição energética coloca às redes de distribuição de eletricidade. Até 2030, a E-REDES irá investir um total de 500 milhões de euros neste programa, que pretende tornar as redes mais inteligentes, apostando no desenvolvimento de novas tecnologias para incrementar os níveis de sensorização, supervisão e automatização da rede eléctrica, de forma a contribuir para o sucesso da transição energética.

ÉVORA

Com o intuito de transformar as cidades em espaços inovadores e inteligentes, o projecto InovCity foi lançado nesta cidade em 2010. «O projecto InovCity, lançado em Évora pela E-REDES (antiga EDP Distribuição) permitiu que a Empresa se tornasse pioneira na adopção de tecnologia subjacente às redes inteligentes. A InovCity previa o teste de viabilidade de um conjunto de tecnologias que permitia uma maior eficiência e qualidade na prestação de serviços ao cliente, como a medição inteligente, iluminação pública eficiente, microprodução com fontes renováveis de energia, mobilidade eléctrica, e acções de eficiência energética», afirma fonte oficial da E-REDES.

Esta primeira aposta foi apenas a rampa de lançamento para uma nova realidade de rede integrada que viria a seguir. O objectivo do Inovgrid era caminhar para um sistema eléctrico de distribuição inteligente, centrado na telegestão da energia, uma realidade mais do que presente nos últimos anos. A Inovcity causou assim um impacto muito positivo ao nível da eficiência energética na cidade de Évora: 60% de poupança obtida no consumo de eletricidade com a introdução de tecnologia LED e inteligência artificial; 2011 foi o ano em que o InovCity foi selecionado pela Comissão Europeia e pela Eureletric como single case study de redes inteligentes de energia entre mais de 260 projectos; 100 mil novos contadores inteligentes que foram instalados em Évora, permitindo a outras tantas famílias portuguesas reduzirem a fatura energética.

O projecto foi considerado uma renovação tecnológica e passou a ser uma referência mundial pela sua capacidade da operação da rede de distribuição, suportada numa infraestrutura que dá resposta às necessidades decorrentes da eficiência energética, telegestão, produção distribuída e microgeração. Depois do sucesso do projecto na cidade alentejana, o projecto foi alargado a outras cidades portuguesas, tenho chegado também a Espanha e ao Brasil. InovCity foi assim o “pontapé de saída” para a realidade que vivemos hoje no sector da electricidade, o da transição energética, onde as redes e cidades inteligentes têm, cada vez mais, um papel preponderante.

Évora é uma das cidades-farol do projecto europeu POCITYF (Positive Energy CITY Transformation Framework) beneficiando do conhecimento e actualização tecnológica que resultou dos projectos ali desenvolvidos pela EDP Distribuição, nomeadamente o Inovgrid, Inovcity e Integrid. A EDP integra o consórcio POCITYF, através da Labelec e do EDP New – entidades coordenadoras do projecto – e a E-redes participa no conselho consultivo (Advisory Board) e apoia o conjunto de demonstradores que serão implementados e replicados noutras cidades europeias.

Serão desenvolvidas iniciativas piloto em praticamente todas as áreas de inovação relevantes para a transição energética, nomeadamente as comunidades de energia, o armazenamento, o carregamento do veículo eléctrico, a comercialização peer-to-peer, a iluminação pública inteligente, o combate à pobreza energética.

O objectivo principal do projecto é criar um conjunto de Positive Energy Blocks nas cidades-farol de Évora (PT) e Alkmaar (NL) e respectivas cidades-seguidoras de Granada (ES), Bari (ΙΤ), Celje (SI), Ujpest (HU), Ioannina (GR) e Hvidovre (DK). Com a implementação dos referidos Positive Energy Blocks, o POCITYF pretende transformar o tecido urbano dessas cidades, com enfoque nas áreas cultural e historicamente protegidas, em locais mais competitivos, sustentáveis e inclusivos para os seus cidadãos. «Em última análise, o projecto irá melhorar a qualidade de vida nas oito cidades envolvidas, através de um modelo sustentável e centrado no cidadão – o qual, mais do que um utilizador das tecnologias que estão a ser desenvolvidos, é pelo projecto empoderado no sentido de cocriar com o consórcio soluções adaptadas às suas necessidades e perspectivas.A EDP NEW e EDP Labelec, além da coordenação geral deste projecto iniciado em outubro de 2019, desempenham, também, um papel central nas actividades de demonstração em Évora, sendo responsáveis pelo desenvolvimento de soluções relacionadas com Comunidades de Energia Renovável, mercados locais de energia e utilização de flexibilidade proveniente dos edifícios municipais que compõem o demonstrador», sublinha fonte oficial da EDP.

DESAFIOS

As redes inteligentes trouxeram ao consumidor um novo paradigma no mundo da energia: o consumidor passou a ser um agente activo dentro do sistema eléctrico. Actualmente pode decidir qual a potência e a tarifa que se adequa aos seus consumos, reduzindo a sua factura de eletricidade, os serviços que quer ter disponíveis na sua habitação e, pode ainda tornar-se um micro produtor e consumir parte da energia que produz, nomeadamente com o seu veículo eléctrico.

O Operador da Rede de Distribuição tem de estar preparado para responder a todas estas necessidades, através da integração da produção distribuída e da gestão eficiente da rede de distribuição, sendo simultaneamente um facilitador de mercado, quer junto das entidades que regulam a actividade, como dos promotores dos novos recursos. «Nesse sentido, terá de continuar a apostar na construção e operacionalização de redes inteligentes, através da instalação de Equipamentos de Medição Inteligente, da sensorização e digitalização, com vista à integração de um número crescente de novos recursos, continuando a garantir a segurança de abastecimento e o cumprimento de todas as condições técnicas essenciais para que todos os clientes ligados à rede possam operar e beneficiar de excelentes indicadores de qualidade serviço. Continuamos a investir nos activos da rede eléctrica, confiantes que asseguraremos níveis de qualidade de serviço e de actualização tecnológica que nos posicionam como referência na Europa», conclui fonte oficial da E-REDES à Executive Digest.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Mobilidade Urbana & Smart Cities”, publicado na edição de Junho (n.º 183) da Executive Digest.

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