CMVM identificou mais 500 situações com indícios de abuso e 5% a mais de reclamações de investidores em 2020
A Comissão de Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM) identificou mais de 500 situações com indícios de abuso, associadas a posições a descoberto e negociação em tempo real, revelou o relatório publicado pela instituição e citado pelo ‘Jornal de Negócios’.
“2020 foi marcado por uma intensificação do acompanhamento, atento o impacto da situação pandémica nos mercados, da negociação nos mercados nacionais, designadamente das estratégias de ‘short selling’ e da negociação em tempo real, com 526 situações potencialmente anómalas identificadas nas várias sessões de negociação ao longo do ano”, refere o relatório anual de 2020 da CMVM.
Estas situações levaram à realização de diversos contactos com emitentes e operadores de mercado, num ano em que a entidade introduziu “procedimentos de emergência no acompanhamento e supervisão diários dos mercados”.
A atividade de “short selling” foi especialmente ativa. De acordo com Gabriela Figueiredo Dias, presidente da CMVM de saída do cargo e citada pelo Negócios, as posições a descoberto “aumentaram de uma forma muito significativa, mas não de forma a causarem problemas”. O regulador recebeu 1.031 comunicações relacionadas com posições líquidas curtas modificadas em 2020, quase o dobro das 568 posições comunicadas em 2019.
“Para este aumento terá contribuído a adoção, a nível europeu, de alterações de procedimentos de supervisão relacionados com os efeitos provocados pela pandemia, nomeadamente a descida do limiar mínimo de notificação de posições curtas a cada autoridade competente”, explica o documento.
Em 2020, a CMVM recebeu, 422 reclamações dos investidores, mais 5% que em 2019, como escreve o Negócios.