A Peseta está de volta? Socialistas espanhóis querem criptomoeda pública
O Partido Socialista espanhol (PSOE) apresentou no Parlamento uma proposta para promover a criação de uma criptomoeda pública. Os representantes pretendem reagir ao “desaparecimento gradual do dinheiro físico”.
Os socialistas argumentam que as novas tendências de pagamento levam à utilização de uma “moeda de natureza exclusivamente privada e mais insegura”, como é o caso da Bitcoin, e pedem que ao Governo que siga o exemplo de alguns países como a China, com o Yuan digital.
A apresentação de medida do PSOE é um ato de independência face ao Banco Central Europeu, que está a desenvolver trabalhos de investigação para criar o “Euro digital”, à semelhança com o que acontece nos EUA, onde o projeto “Hamilton” promete chegar ao fim com o lançamento do “dólar digital”.
O diretor-geral adjunto de Inovação Financeira e Infraestruturas de Mercado do Banco da Espanha (BdE), Carlos Conesa, disse este mês que “a decisão de lançar um projeto sobre o Euro digital está casa vez mais próxima”.
Os socialistas enfatizam que esta moeda digital acabaria com o “privilégio” dos bancos sobre o dinheiro.
Distinta do Euro digital, o PSOE define esta criptomomeda como uma “moeda pública digital, intangível e perfeitamente utilizável para fazer pagamentos eletrónicos, mas neste caso apoiado pelo Estado, tornando-o um dinheiro seguro”.
Na opinião dos socialistas, “é perfeitamente viável para cada indivíduo ter a sua própria criptoconta ligada ao Banco Central”, um privilégio por enquanto concedido aos bancos comerciais no que toca à moeda fiduciária, e às Exchanges, como é o caso da Bitcoin e outras moedas digitais.
Em meados de abril, o ministro das Finanças britânico, Rishi Sunak, pediu ao Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) para examinar a possibilidade de criar um novo “Britcoin”, uma nova moeda digital apoiada pelo Banco Central, por forma a enfrentar alguns dos desafios colocados pelas criptomoedas como o bitcoin.
“Estamos a lançar uma nova task force entre o Tesouro e o Banco da Inglaterra para coordenar o trabalho exploratório numa potencial moeda digital do Banco Central (CBDC)”, disse Sunak numa conferência do setor financeiro, citado pela agência Reuters.
Uma versão digital da libra esterlina apoiada pelo BoE permitiria, segundo a Reuters, que empresas e consumidores mantivessem contas diretamente no banco e contornassem outros ao fazer pagamentos, alterando o papel dos credores no sistema financeiro.
De acordo com a ‘CNN’, outros bancos centrais estão também a estudar a mesma possibilidade, de criar versões digitais das suas próprias moedas, ampliando o acesso aos fundos do Banco Central, que apenas os bancos comerciais podem usar. Uma forma de acelerar os pagamentos internos e externos e, ao mesmo tempo, reduzir os riscos à estabilidade financeira.
O Banco Central Europeu (BCE) já advertiu, avança a ‘CNN’, que qualquer lançamento de moeda digital irá demorar vários anos. O BoE disse, no entanto, que uma versão digital da libra esterlina não substituiria o dinheiro físico, nem as contas bancárias existentes.
A China é já a primeira potência a ter a sua própria moeda digital. O Yuan digital é uma moeda de transação online, que pode ser operada através da aplicação criada pelo Banco Central de Pequim.