Duas empresas de Santo Tirso e de Vizela pretendem recuperar Coelima e salvar trabalhadores
Duas empresas de Santo Tirso e de Vizela pretendem recuperar a Coelima, comprometendo-se a manter os postos de trabalho da têxtil que soma mais de 250 trabalhadores e que apresentou a insolvência em abril.
Este plano de recuperação da empresa a que a Lusa teve hoje acesso é apresentado pela Felpinter, com sede em Santo Tirso, e pela Mundotêxtil, de Vizela, e considera que a “manutenção da Coelima poderá vir, no futuro, a favorecer os credores”.
Refere ainda que a proposta de recuperação “não tem por fundamento a transmissão dos ativos da Coelima para uma sociedade veículo”, já que essa medida conduziria à extinção da empresa.
“O plano a propor aos credores pretende assegurar a existência e manutenção da Coelima e, nesse sentido, visará a recuperação da sociedade”, garantem a Felpinter e a Mundotêxtil, ao avançar que pretendem também a “manutenção dos seus postos de trabalho”.
Está, assim, prevista a “manutenção dos contratos de trabalho em vigor na têxtil”, com a assunção dos “créditos dos trabalhadores emergentes dos contratos de trabalho, decorrentes da sua violação ou cessação, bem como pelos encargos sociais correspondentes, vencidos até à data da transmissão”.
Caso seja aprovada esta proposta de recuperação, a Coelima fica ainda “exonerada da totalidade do passivo e responsabilidades decorrentes das atividades desenvolvidas até à decisão que venha a homologar o plano”.
Um outro consórcio com sede em Guimarães já manifestou a intenção de comprar a Coelima, propondo-se também, de acordo com a proposta que deu entrada no Tribunal, a manter os postos de trabalho, bem como a assunção dos direitos e antiguidade dos trabalhadores.
Este consórcio que pretende adquirir a Coelima, têxtil de Guimarães que completa 100 anos no próximo ano, é composto pelas sociedades R.TL., SA e José Fontão & Cia, Lda.
A Coelima – Indústrias Têxteis apresentou-se à insolvência em 14 de abril, na sequência da quebra de vendas “superior a 60%” provocada pela pandemia e da não aprovação das candidaturas que apresentou às linhas de apoio devido à covid-19.
“A empresa decidiu avançar com o pedido de insolvência, fruto da situação criada pela pandemia, que provocou uma forte redução das vendas e uma pressão sobre a tesouraria insustentável”, adiantou, na altura, à agência Lusa fonte oficial da têxtil.
O anúncio da sentença de declaração de insolvência foi publicado em 22 de abril, com a empresa a apresentar um passivo de perto de 30 milhões de euros e cerca de 250 credores no final de 2020.
Na última semana, a administração da têxtil anunciou que não vai apresentar um plano de insolvência com vista à recuperação da empresa, por não estarem “reunidas as condições que permitam assegurar a manutenção da exploração”.
“Ao longo das últimas semanas, a Coelima trabalhou ativamente no sentido de reunir os apoios necessários à sua recuperação e à viabilização da implementação de um plano de insolvência. Apesar de todo o empenho e trabalho desenvolvido, não foi possível à Coelima conseguir o compromisso das várias partes envolvidas tendo em vista a apresentação de um plano, pelo que a decisão sobre o futuro da empresa caberá aos seus credores”, avançou fonte oficial da empresa à Lusa.
O administrador de insolvência da Coelima, Pedro Pidwell, já pediu ao Tribunal a nomeação urgente de uma Comissão de Credores com três ou cinco representantes dos maiores credores, incluindo os trabalhadores.
No requerimento dirigido ao Tribunal Judicial da Comarca de Braga, Pedro Pidwell sugere que a Comissão de Credores seja presidida pela Caixa Geral de Depósitos, tendo como vogais representantes dos trabalhadores, do Fundo Autónomo de Apoio à Concentração e Consolidação de Empresas (FACCE) e ainda vogais (suplentes ou efetivos) do Novo Banco e do BCP.