“Poupar 70% de água e aproveitar as cascas de ananás”: O têxtil português está a dar cartas na sustentabilidade

A Confederação Empresarial Portuguesa, em conjunto da ATP, entidade representativa do setor têxtil e do vestuário realizaram um webinar, onde foi abordada entre muitas temáticas que marcam a atualidade do setor, a sustentabilidade. Desta conferência destacaram-se as mais inovadoras e ambiciosas práticas “verdes” no têxtil.

De entre os vários testemunhos, João Almeida, administrador da JF Almeida, destacou a aposta da empresa em produtos com fibras recicladas e investimentos avultados na eficiência energética e produção de energia para autoconsumo, e mostrou como é possível a maior tinturaria europeia de têxteis-lar ter poupanças de água até 70% (cerca de 35 milhões de litros por ano).

Patrícia Ferreira, CEO da Valerius HUB, empresa que resolveu o problema de stocks dos seus clientes em fim de coleção através da reciclagem de fibras têxteis em novos produtos com blends de fibras sustentáveis, de papel, de banana, ananás, entre outras.

Como lembra Braz Costa, diretor geral do CITEVE, as “barreiras técnicas não são barreiras, mas sim uma motivação para o desenvolvimento tecnológico.” As verdadeiras barreiras existem quando não existe equilíbrio nos níveis de regulação da atividade nos vários países, em especial países fora da UE.

Essa distorção revela-se no preço final dos produtos, que acaba por dar uma ideia errada de que os produtos sustentáveis são mais caros, quando na verdade, os produtos fabricados com matérias-primas virgens é que não incorporam os custos sociais e ambientais que lhes estão associados

Para Fernando Leite, administrador-delegado da Lipor, o Ecodesign assinalou a importância de se definirem regras claras e tecnicamente compatíveis para o sucesso da criação de um novo fluxo específico para resíduos têxteis

Como sublinhou a secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, é “necessária uma mudança de paradigma da indústria têxtil e do vestuário, do fast fashion para um modo de consumo mais sustentável”.

“Não nos podemos esquecer que por exemplo que a produção de uma só t-shirt consome 2.700 litros de água, o necessário para o consumo de um ser humano durante mais de dois anos”, referiu a Governante.

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